A FÉ DO CRISTÃO ADULTO
A atual crise de fé não questiona nenhum conteúdo essencial
da Mensagem de Cristo. Muito pelo contrário, ressalta-os e lhes dá uma
importância que os pregadores oficiais das Igrejas constituídas não lhes
concedem. Basta como prova desta afirmação o modo como todas elas tratam a
liberdade de consciência de seus adeptos!
Um cristão adulto e identificado com os propósitos
indispensáveis à plena realização da sua fé em Cristo possui todos os
requisitos indispensáveis à plena realização da sua fé cristã. Não é um “minus habens”, necessitado de tutores.
Tem todo o direito de pensar, agir e decidir por si. Pode contar com a mesma
assistência do Espírito Santo com que contam os membros do Magistério
Eclesiástico. Os seus dons o Espírito
Santo os distribui como ele quer! É assunto com o qual os representantes da
autoridade eclesiástica nada têm a ver. Falta, via de regra, aos nossos
cristãos católicos, falsamente definidos como “leigos” e tratados como
“ovelhas”, a necessária coragem moral para se oporem abertamente à humilhante
condição a que foram reduzidos sem a sua participação. Ou será que a situação
de inferioridade em que se encontram não é fruto da sua própria omissão,
covardia e preguiça?
Não estou aí
para defender o leigo contra a prepotência do clero. Seria injusto atribuir ao
clero a culpa por tudo o que de errado e pernicioso aconteceu na Igreja
católica.
Queres
adotar uma atitude de fé em Cristo mais afinada com as necessidades do nosso
tempo e com as oportunidades maravilhosas que ele nos está oferecendo? Queres viver a tua fé de maneira mais
honesta? Queres vivê-la de maneira mais criativa? Queres fazer dela um
instrumento de surpresas? Queres ser dono da tua fé e não caudatário de mestres
e gurus? Queres que tua fé em Cristo te liberte e faça de ti uma pessoa cada
vez mais livre e dona de própria vontade? Queres que tua fé seja para ti uma
fonte permanente e inesgotável de vitalidade, de alegria e de amor à vida?
Queres que tua fé te ajude a amar todas as criaturas que te cercam e te amam,
cada uma a seu modo, desde a minhoca que fertiliza o teu jardim até o gato que
se vem deitar a teus pés, porque confia em ti? Queres viver num mundo
impregnado de paz e de amor, de
simpatia e de solidariedade? Então faça alguma coisa para que tudo isto venha a
se tornar realidade, se não logo, ao menos num futuro próximo. Não é por você
que faço o pedido. Estou pensando na geração de jovens ansiosos por viver a
vida de forma mais plena, mais rica e livre! Se voltam as costas às sacristias
de nossas igrejas é porque a sacristia se tornou para eles símbolo de tudo
aquilo que rejeitam.
Quem tem amor à vida, ama o movimento, o intercâmbio e a
novidade. A vida só se realiza onde acontecem a reprodução e a mutação. É exatamente isto que estou propondo ao
benévolo e paciente leitor deste escrito: “Não renegue o passado”! Não abandone
a tradição, mas aprenda a fazer dela ponto de partida e não termo de chegada! O
futuro da Igreja depende da capacidade do povo cristão de transfigurar um tipo
mais infantil de fé em outro, mais adulto. Toda vez que um católico transfere a
solução dos seus problemas de fé ou de moral a outros, está traindo a si
próprio. Até certo ponto é lícito afirmar que cada cristão é seu próprio papa.
In: “A
Igreja que eu Amo” – de Pe. José Marcos Bach, sj – Edição própria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário