A IMPORTÂNCIA DA VIDA DE
CADA CRISTÃO
O essencial do testemunho de fé se encontra na vida de cada cristão, em
particular. O que acontece na hora do culto ou da celebração eucarística
adquire sua autenticidade do modo como os membros da respectiva comunidade
vivem a sua fé em Cristo no ambiente social em que estão inseridos. A palavra
só será verdadeira se puder circular livremente. A missa é apenas parte do que
uma comunidade precisa realizar para colocar-se em dia com suas obrigações
missionárias e apostólicas.
No centro das reflexões
não está a Palavra ou as palavras que Jesus pronunciou, mas a própria Vida de
Jesus. Menos indicado ainda é
aproveitar a hora do culto para transmitir palavras de ordem provenientes de
cima e de fora. Quem não participa da vida de uma comunidade exclui-se a si
próprio do direito de falar. O direito de falar a uma comunidade ou em suas
assembleias depende exclusivamente do grau de compromisso e de solidariedade
efetiva de quem pretende ter vez e voz numa Comunidade Cristã. Quem não escuta
nem respeita a voz do Povo perde o direito de falar em seu nome. Menos ainda
cabe-lhe o direito de falar em nome de Cristo. Também à voz do povo, isto é, à
opinião pública, se podem aplicar as palavras de Jesus: “Quem vos ouve a mim ouve,
e quem vos despreza, a mim me despreza” (Lc 10,16).
Pastores que fazem caso omisso do modo como suas “ovelhas” vivem sua fé em
Cristo só conseguem falar em seu próprio nome e no de mais ninguém. A primeira
voz que os membros de uma Comunidade Cristã devem escutar e acatar é a parte do
seu próprio interior. Num lugar igualmente participativo encontram-se as vozes
provenientes de outras Comunidades de Fé. O contato horizontal entre
Comunidades de Fé é vital para a sobrevivência de cada uma delas.
A vitalidade das grandes Igrejas depende da vitalidade das pequenas
Comunidades Eclesiais. Na Igreja católica deu-se, ao longo dos séculos, um
processo de centralização altamente prejudicial ao bom funcionamento das
pequenas Comunidades Eclesiais. O poder central absorve, por completo, a sua
autonomia.
In: Manuscrito de Pe. José Marcos
Bach, sj
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