TANATOLOGIA
“A pergunta mais importante do mundo, a verdadeira base de todo ato
maduro, é esta: quem sou eu? Porque, se não conhecemos a nós mesmos, não
poderemos conhecer a Deus” (Anthony de Mello, sj – Auto Libertação – Ed.
Loyola, p.26).
A morte, durante milênios, foi vista como final inglório e trágico de uma
vida, cujo sentido em vão se procurava descobrir. “Non omnis morriar”. “Não morrerei de todo”! Era o máximo que um
filósofo conseguia afirmar a respeito da morte.
Suspeitava-se em ambientes acadêmicos e religiosos que alguma coisa do que
fora um dia uma gloriosa miss ou um garboso cavaleiro podia restar depois da
morte. Mas certeza ninguém a tinha. Mesmo hoje, tudo o que afirmamos a respeito
da morte, são apenas hipóteses. Nada há que se possa proclamar como certo, como
cientificamente provado!
Tanatologia é o nome que
se deu à ciência que estuda o fenômeno da morte. A morte deixou o ambiente
macabro das funerárias e passou a frequentar o ambiente sofisticado dos
laboratórios científicos.
O que será que levou o mundo científico a se interessar tão vivamente por
um assunto que aparentemente em nada
contribui para melhorar a vida humana? Ainda na primeira metade do século XX
era difícil encontrar alguém que descrevesse o que viu, sentiu e experimentou
no curto espaço de tempo em que estivera clinicamente morto. “Experiência de
Quase Morte” (EQM) é este o nome com que o fenômeno se tornou conhecido.
O volume de estudos sobre o tema morte está tendo um crescimento
exponencial. Não é apenas a quantidade que cresceu, mas também a qualidade está
se tornando cada vez melhor. Os primeiros estudos tinham como objetivo
descrever os aspectos fenomenológicos da EQM. Mas já estão aparecendo autores
que se preocupam com o significado da experiência. Kenneth Ring é um destes
autores. Em seu livro Rumo ao Ponto Ômega (Ed. Rocco) ele deixa claro que em
sua opinião o objetivo de uma EQM não consiste em preparar uma pessoa para
morrer. Pois são tantos os que saem desta experiência não só com vida, mas
profundamente, e por vezes até radicalmente mudados!
Em vez de mudar de
ambiente, o que teria ocorrido caso tivessem morrido, foram aconselhados a
retornar ao ambiente donde tinham partido. É como se algum filósofo lhes
tivesse ensinado que se existem problemas, eles não são causados pelo ambiente
em que vivem, mas por um modo desastroso de organizar a sua vida.
Padre Marcos Bach
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