EVOLUÇÃO E ESTAGNAÇÃO
Se os cientistas que estudam a origem
do homem não andam equivocados, o homem deve sua origem biológica a uma célula
microscópica! E a vida desta célula surgiu quando ela começou a se dividir em
duas e quando deu início a um processo biofisiológico que chamam autopoiese.
O que distingue uma célula viva de uma
molécula sem vida é um detalhe aparentemente sem grande importância: a célula
viva cuida de si, administrando as potencialidades desta nova forma de ser. Ela
se multiplica e ao mesmo tempo se diversifica. Foi o jesuíta Teilhard de
Chardin que chegou à conclusão de que a união só é verdadeira quando
diversifica. A uniformidade que consiste na reprodução do mesmo é a âncora que
segura o navio, mas não o põe em movimento. Onde nada de novo acontece, a
evolução cedeu lugar à estagnação.
Autores há que definem a mulher como
pólo repousante da sociedade humana. São elas, as mulheres, que asseguram a
continuidade não só da espécie humana, mas também de tudo o que no passado a humanidade
já realizou no plano sociocultural.
Tomam como prova de suas teses o fato do óvulo feminino ser tão passivo
em comparação com a agressividade e poder de penetração do espermatozoide
masculino. É função do óvulo esperar que alguém venha procurá-lo. O
comportamento de um espermatozoide o leva a viajar muito e a sair
constantemente do lugar. A consequência psicoantropológica desta concepção é a
tese de que o feminino é o pólo respousante de um corpo social, ficando o papel
ativo e verdadeiramente criativo por conta do representante masculino. Esta
diferença é usada para justificar a superioridade do masculino sobre o
feminino.
Por detrás de toda esta concepção
discriminatória encontra-se bem aninhado um erro de categoria que confunde sexo
com sexualidade. A Palavra de Cristo que afirma que “no céu não se casa mais,
nem mulher alguma será dada em casamento, mas que homens e mulheres serão com
os anjos do céu” (Mt 22,30), deu azo a muita confusão.
Monges e freiras espalharam a falsa
crença de que o corpo ressuscitado não possui mais órgãos sexuais, já que a
reprodução da espécie deixou de fazer parte da atividade sexual humana. Anjos
não procriam. Certamente faria um grande benefício a homens e mulheres
livrando-os da necessidade de procriar.
Ser mãe não contribui em si para
elevar uma mulher a um patamar evolutivo mais elevado e mais nobre. Ter filhos
e cuidar deles não é a mesma coisa que ser mãe. É preciso não perder de vista
que a parcela feminina do gênero humano constitui quase uma espécie à parte e
que as diferenças que a caracterizam são definitivas. Pois são estas
diferenças, incluídas as de natureza anatômica, que dão sabor e encanto ao
convívio de homens e mulheres. Só um grande amor é capaz de dar uma resposta
adequada ao desejo sexual de ambos! O patamar evolutivo que o gênero humano
atingiu até agora é demasiadamente rudimentar para que se possa construir sobre
ele uma antevisão escatológica do futuro sexual da humanidade. O que em cada um
de nós ainda não teve tempo de brotar é muito mais importante, sob o aspecto
evolutivo, que tudo aquilo que nossos cientistas e teólogos conseguiram nos
oferecer até hoje. Chegou a hora de prestar atenção a outras vozes, mais
familiarizadas com o que em cada ser humano ainda está por nascer!
Padre Marcos Bach
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