EM BUSCA DA BÚSSOLA INTERIOR
O navegante não se perde na imensidão de um oceano
sem limites nem estradas porque possui a bússola, um instrumento que lhe diz se
ainda está indo no rumo certo. A bússola não lhe diz se está indo por águas
profundas ou rasas. Se quiser verificar a profundidade das águas por onde passa
terá que recorrer a outro instrumento que é o Sonar.
O interior de uma pessoa humana possui uma dimensão
de profundidade que a esmagadora maioria das pessoas desconhece por completo.
Morrem ou chegam ao término da sua peregrinação terrestre sem terem a menor ideia
dos tesouros escondidos no subsolo do seu inconsciente. Em termos de navegação
só conhecem a de cabotagem. Em termos de conhecimento psicológico só conhecem
as águas rasas do seu pequeno e acanhado eu pessoal. Morrem sem terem tido a
ventura de se descobrirem a si próprios.
Quantos são os que em vida se preocupam seriamente
com autoconhecimento. Santo Agostinho escreveu: “conheça-me eu a mim para poder
conhecer-te melhor a Ti, meu Deus”!
O autoconhecimento faz parte das exigências da fé
cristã. É, portanto, mais do que simples luxo psicológico. É também mais do que
mera exigência moral. É uma exigência espiritual e religosa. Santo Agostinho
deixou claro: “não pode conhecer a Deus quem não se conhece a si mesmo”.
A psicossíntese, tal como a descreve Roberto
Assagioli, é um processo complexo em que a vontade livre do homem anda de mãos
juntas com a atividade da psique. Boa parte do que acontece pode ser registrado
como resultado da ação do supraconsciente. O eu responsável por tudo não é o eu
pessoal, mas o Eu Superior, ou Eu Transpessoal.
Assagioli divide em três as áreas de atuação do
processo de psicossíntese:
1) A psicossíntese pessoal
consiste em pôr ordem em seu próprio interior.
2) A psicossíntese social
se ocupa de fazer o mesmo no campo do relacionamento com outras pessoas.
3) A psicossíntese
espiritual tem por objetivo organizar de forma positiva a relação espiritual.
Por dimensão espiritual deve-se entender tudo o que
no homem não tem relação com sua origem e seu passado biológico. Tudo o que uma
pessoa deve à sua origem animal pode ser considerado como não espiritual. O
processo evolutivo humano impele a espécie, a seus representantes a um tipo de
crescimento que o animal não conhece. Este processo se encontra pré-programado
na consciência de cada indivíduo. O que se dá com a maioria das pessoa é que
esta programação permanece intata e indecifrada a vida toda. Elas morrem sem
ter tido sequer uma ideia das potencialidades intocadas da sua consciência
total.
Repugna à razão humana admitir que as oportunidades
desta vida terrena são as únicas que o Criador põe à disposição de suas
criaturas. No plano de Deus, tal como Jesus o veio revelar, falta de
oportunidade e chance de refazer o que foi mal feito, não é problema.
Padre Marcos Bach
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