PROCURANDO O ESSENCIAL
Lá pelos anos de 1950 o termo “angústia existencial”
entrou na moda. A existência humana é um rosário de absurdos. É tempo perdido oferecer a um homem a felicidade com que sonha em seu íntimo.
Dê-lhe tudo o que pede e ainda te acusará de lhe ter dado tudo, menos o
essencial. O que é este essencial sem o qual homem algum se dá por satisfeito?
Para ter uma noção do que é essencial para manter a
boa saúde de um corpo, é necessária uma mesa farta e bem posta. É
experimentando um prato depois do outro que será possível descobrir o alimento
que melhor condiz com as exigências e as necessidades do meu corpo. O mesmo
deveria valer também para as necessidades espirituais do homem. É neste campo
que a abundância de mestres, de receitas e de pratos é maior atualmente e mais
variada do que em outra época qualquer da história.
Pastores, amigos do
redil, da invernada e do brete são os que menos simpatizam com a realidade nova
para a qual começa a despertar um número cada vez maior de cristãos. Quem quer
acordar no sentido que Jesus deu a este passo deve ter consciência de que
passará a complicar-se, antes de mais nada, com a sua própria Igreja. Igreja
nenhuma está preparada para aceitar como ortodoxas atitudes que exigem de seus
crentes a renúncia a toda uma tradição baseada na lei da inércia.
Entregar a salvação da sua alma a homens que só
conseguem expressar o Amor de Deus na linguagem da Lei e do Dogma é muito mais
arriscado e imprudente do que fazer da sua fé em Cristo um ato de absoluta
confiança e entrega pessoal ao amor de Cristo. Um cristão deveria ser o
primeiro a ensinar a seus irmãos que o caminho da salvação é simples e não
depende da intermediação de “pistolões”.
O caminho que conduz do
terceiro para o quarto nível de consciência em nada se parece com o que um
caminhoneiro costuma encontrar pela frente. Lá uma rodovia é igual à outra. No
campo do progresso espiritual tudo é diferente. Lá o “motorista” se vê, a certa
altura, na obrigação de mudar de estrada. E de mudar de velocidade! Numa boa
autoestrada a velocidade mínima deixa de ser a mesma de um caminho de roça.
Numa Autobahn
alemã a velocidade máxima preocupa menos do que a velocidade mínima. Nelas,
quem anda mais depressa terá menos complicações com a polícia rodoviária do que
aquele que anda devagar, convencido de que esta é a melhor maneira de evitar
acidentes. O mundo oposto ao da tartaruga é o dos Airton Sena. Para eles o
futuro da humanidade é uma questão de velocidade. Leva a medalha aquele que em
menos tempo conseguiu avançar mais! É este o mundo do qual irá depender cada
vez mais a felicidade futura e o sucesso histórico da humanidade.
É possível que a geração atual não se tenha dado
conta de que o homem foi feito para voar. A nossa civilização não seria a
primeira a desaparecer por não ter descoberto a tempo o momento exato em que
deveria decolar e pôr-se a voar.
Voar, no sentido espiritual.
Temos ainda algum tempo para descobrir que somos
seres espirituais. Somos muito mais do que animais dotados de espírito. Somos
espíritos encarnados, isto é, dotados de corpo, como os animais, nossos
“irmãos”, mas nossos parentes mais próximos não são o chimpanzé ou o gorila,
mas os “anjos do céu”, como são chamados
na Bíblia. Deles diz a Bíblia que se encontram muito mais próximos do trono do
altíssimo do que nós. A arte cristã os dotou de asas e na Bíblia são descritos
como “Mensageiros de Deus”. Formam uma família espiritual à parte e constituem
um elo de ligação entre o mundo dos homens e Deus.
Padre Marcos Bach
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