GÊNESE DE UMA HIPERCONSCIÊNCIA HUMANA
A Internet é um
sistema destinado a tornar acessível a um número maior de usuários as
informações contidas em computadores espalhados por toda a face do nosso
planeta. Progresso no campo da informática só acontece quando se passa da
informação para o da comunicação. O conhecimento só cresce na medida em que seu
conteúdo, sua software, começa a
circular por um número crescente de mentes individuais, passando a fazer parte
de um número cada vez maior de consciências pessoais. O fato de estarmos
assistindo a um fenômeno auspicioso que é o da divulgação científica faz com
que estejamos envolvidos num processo altamente positivo que muito bem se poderia
identificar como gênese de uma hiperconsciência humana.
De que adianta criar hipercomputadores enquanto não
tivermos a hiperconsciência, sem a qual o mais sofisticado sistema cibernético
não será mais do que um belo brinquedo inútil, na melhor das hipóteses.
A tecnologia é determinada por dois princípios muito
simples: o da simplicidade e o da autonomia. Em tecnologia tamanho não é
documento. Quanto menor, tanto melhor! Os primeiros computadores eram do
tamanho de uma sala! Mas a nave espacial planejada para a tarefa de explorar as
luas de Júpiter não irá pesar mais que um quilograma.
Tudo o que você procura numa galáxia pode encontrá-lo no
interior de um átomo! Para ser avançado, um artefato tecnológico tem que ser
pequeno e leve. Mas isto não basta: tem que ser ágil e capaz de se governar por
si. Deve ser autônomo, capaz de consertar por iniciativa própria eventuais
defeitos e, se possível, ser capaz de se autoabastecer. Tudo isto um bom
explorador espacial deve ser capaz de fazer se quiser que alguém pense em
fabricá-lo!
De momento nos preocupamos quase que exclusivamente com
aspectos que no campo da computação recebem o nome de hardware. Estamos ainda mais preocupados com o meio de transporte
do que com a carga. Por ora o envelope ainda preocupa mais que o conteúdo da
carta!
Queremos conhecer Marte,
mas sem a preocupação de nos dar a conhecer! Os homens que financiam e dirigem
a aventura espacial estão mais interessados no retorno do empreendimento do que
em acréscimo de conhecimento. No entanto, o importante mesmo é o conhecimento!
O universo todo foi feito para ser conhecido pelo homem. É
uma verdade que deixou a Einstein estupefato. Há uma grande diferença entre
conhecer uma pessoa ou coisa com a inteligência e/ou com o coração. Cientistas
e filósofos sempre quiseram entender ou compreender o objeto de seus estudos.
Mas hoje são poucos os que não concordam com Einstein, para quem “o cosmos é um
grande mistério” (a expressão é dele). É inútil tentar colocá-lo dentro da
inteligência do homem!
Nós, humanos, temos a presunção de que nossa inteligência é
o máximo que a mãe natureza conseguiu produzir. Se fôssemos mais humildes teríamos
descoberto, há muito, que nossa inteligência está para a totalidade da noosfera
como o vulcão está para a totalidade das energias acumuladas no interior da
terra. Somos bolhas, bolhas de consciência e de saber, destinadas à união com
outras bolhas, formando com elas um organismo noológico mais abrangente e
poderoso do que o conjunto anteriormente distinto e separado.
“A união faz a força”. Todo conhecimento individual é
parcial, imperfeito e incompleto. O nosso Astro-Rei descobriu, há bilhões de
anos, o segredo da fusão nuclear!
A fusão nuclear não obedece a nenhum princípio hierárquico.
O átomo de hidrogênio que se funde com outro não é melhor do que este. Átomos
de hidrogênio não competem entre si para saber quem é o melhor. Também é inútil
querer descobrir de quem foi a iniciativa. Neste contexto não existe diferença
entre o que dá e o que recebe.
Ao definir o amor como ato de fusão, estamos-lhe
reconhecendo uma função de natureza cósmica. Pelo amor nos tornamos irmãos do
sol, da lua e de tudo o que existe, palpita e vive neste universo sem fim!
Através da fusão dois átomos de hidrogênio se transformam num átomo de hélio.
De modo análogo, quando duas pessoas se unem pelo amor, cada uma renuncia à sua
personalidade individual e passa a fazer parte de uma unidade superior de
natureza transpessoal. O termo transpessoal é empregado hoje por psicólogos
como Assagioli, para designar o espaço psíquico gerado pela fusão amorosa.
Onde quer que ocorra crescimento, o amor está presente.
Qualquer processo evolutivo pode ser definido como ato e manifestação de amor!
“O amor é uma energia cósmica”. Quem o afirma é o físico atômico David Bohm. É
a mais poderosa de todas. O amor liberta a quem ama, e devolve amor com amor,
porque ele mesmo é livre. Não está preso a determinismos, nem sujeito a regras.
É soberano: “julga tudo e por ninguém é julgado”, como diz o apóstolo Paulo (I
Cor 2,15).
Impor regras a quem ama é uma violência, uma grosseria.
Aquele que ama é livre de fazer tudo o que o amor lhe dita. “Ama e faze o que
quiseres”, dizia Santo Agostinho. “Dilige,
et quod vis fac”.
Padre Marcos Bach
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