A FÉ DOS MÍSTICOS
“Eu sou a Verdade”, disse Jesus. É uma lástima que os
cristãos sejam induzidos por seus pastores a crer mais em doutrinas do que na
Pessoa daquele que é a síntese de toda a Verdade. Crer e amar são sinônimos.
Não se pode amar sem crer, nem é possível crer sem amar. Ninguém, a não ser um
alienado, ama teorias e dogmas. Só podemos amar a quem é capaz de retribuir
nosso amor.
O objeto da nossa fé, como da nossa caridade, só pode ser
uma pessoa, isto é, um sujeito igualmente capaz de nos amar e de crer em nós.
Não cremos em doutrinas. Como cristãos não somos obrigados a fazê-lo. É em
Jesus que um cristão deposita a sua fé e seu amor. Ensinamentos e doutrinas são
meios e instrumentos, nada mais do que isso.
A fé em Cristo personaliza nossos relacionamentos com Deus
e com os homens dando-lhes um calor, um sentido e uma profundidade que de outra
forma não teriam. A Verdade não está na Palavra de Deus, mas no próprio Deus
que na Pessoa de Jesus se tornou a Palavra de Deus por excelência.
O que aconteceu nas Igrejas cristãs foi uma tentativa de
submeter a vida de fé do povo cristão ao controle das autoridades
eclesiásticas. A expressão que melhor define esta tentativa é a palavra
reducionismo doutrinário. Tanto teólogos como representantes do magistério
eclesiástico tomaram conta do cenário depois de terem expulso dele os místicos,
que não admitiam que a fé cristã pudesse ser domesticada, racionalizada e
reduzida a um simples ato de adesão à Igreja ou a um simples voto de
conformidade com o ensinamento oficial de uma Igreja.
Padre Marcos Bach
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