Ser
feliz não é apenas um direito, um alvo a ser mirado, uma consequência que
acompanha e segue a boa ação. Uma espécie de recompensa moral. O “status” ético
que Tomás de Aquino lhe confere é essencialmente superior. A felicidade é
elemento constitutivo de toda a ordem moral! Não vem acrescentar-se à boa ação
e à opção moral correta, mas deve precedê-la, determiná-la. Só possui valor
moral o que contribui para tornar uma pessoa ainda mais feliz do que já é!
Somente uma pessoa feliz tem condições de “amar como convém”. Só uma pessoa
feliz consegue esquecer-se de si, e só quem sabe amar sabe o que é ser feliz!
Uma
das mais surpreendentes descobertas biológicas da atualidade é a de que a
bem-aventurança é uma forma de energia presente em cada célula. Células felizes
se juntam para produzir a sensação de bem-estar que caracteriza todo organismo
saudável. O corpo não permanece indiferente ao que se passa na alma. Sem a sua
base biofísica a felicidade espiritual será sempre parcial e incompleta. O
destino último do corpo humano é a ressurreição e não a destruição. Através
deste dogma o cristianismo reforça a crença na união indissolúvel entre corpo e
alma, espírito e matéria. O corpo é uma das mais brilhantes realizações de
engenharia genética. É difícil imaginar o que poderia levar o Criador a
destruir definitivamente manifestação tão eloquente do seu poder e de sua
sabedoria!
“Bem-aventurados
os que choram, porque serão consolados” (Mt 5,4). Pode alguém chorar de
felicidade?
As
lágrimas que a infelicidade nos leva a verter, não são as únicas e nem sequer
as melhores. As que a felicidade consegue arrancar de nossos olhos são muito
melhores. O “dom das lágrimas” é um favor que Deus concede a seus mais íntimos
amigos.
Há
uma diferença substancial entre sentir prazer e satisfação e ser feliz. O
prazer é um contentamento mais superficial e passageiro que a satisfação. A
satisfação difere do simples prazer pelo fato de provir de planos mais
profundos da alma. Ela é mais duradoura, profunda e mais abrangente que o prazer
que nos proporciona uma boa comida, por exemplo.
A
felicidade é uma espécie de alegria permanente, algo parecido com uma música de
fundo que acompanha uma pessoa dia e noite. Assim como é impossível imaginar um
barco a vela sem vento, do mesmo modo é impossível imaginar um santo infeliz. A
felicidade é o vento impetuoso que infla as velas de uma alma em sua viagem
para o infinito!
A
palavra bem-aventurança é usada na Bíblia para expressar a felicidade máxima a
que um ser humano pode aspirar. É uma felicidade que só podemos pressentir e
saborear à distância. Ela é o objeto da esperança cristã. O espaço que a abriga
chamamo-lo de Céu. Este espaço possui uma dimensão subjetiva interior. Possui
também uma dimensão social, já que basicamente é o mesmo para todos os membros
da família de Deus. Possui, outrossim, uma dimensão cósmica, pois o cosmos todo
fará parte do Céu de cada pessoa, no singular.
Por
fim, será a morada preferida de Deus e como tal o nosso Céu fará para sempre
parte da bem-aventurança do próprio Deus! Para os que consideram esta visão
demasiadamente ousada, bela demais para ser verdadeira, podemos responder sem
titubear um instante: ela é linda demais para não ser verdadeira!
“No
Céu nos veremos, caro leitor e leitora! Tchau e até lá”!
Texto
do manuscrito “SANTIDADE” de Pe. José Marcos Bach, SJ
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