O SER HUMANO FRENTE
AO PROGRESSO TECNOLÓGICO
Para encontrar o seu
verdadeiro destino o homem tem que encontrar-se, antes de tudo, consigo mesmo.
“Gnosei ton autón”, dizia um dos
ilustres sábios da antiga Grécia. “Nosce
te ipsum”, diziam os romanos.
O seu Eu interior é
o único mundo que um ser humano é capaz de conhecer de verdade. Conhecer
significa tornar-se um com um outro. Por isso conhecer e amar são
sinônimos. Isto significa que o conhecimento é uma forma de amor e o amor uma
forma de conhecimento. Sem amor não há conhecimento verdadeiro e não é possível
amar o que não se conhece.
A raiz do malogro a
que o Iluminismo racionalista conduziu a humanidade está na sua falta de amor.
O fracasso do Humanismo secular ele o deve ao mesmo vício congênito. Razão é
inteligência mais sentimento. Ela não se destina apenas à produção de
pensamentos e de raciocínios lógicos. Os planos superiores da mente humana
possuem a faculdade de produzir um outro tipo de conhecimento essencialmente
superior a tudo que os sentidos e a razão discursiva são capazes de elaborar.
Por ora, esta esfera da mente do homem só é explorada por místicos e poetas. A
eles a humanidade deve o que de melhor a mente do homem produziu ao longo da
história. A mente humana é infinitamente mais do que uma simples máquina.
Máquinas funcionam ou não. Funcionam bem quando produzem o que delas se espera.
A história da Europa
passou a entrar numa nova fase quando teve início a luta entre fé e razão. O
progresso científico teve que enfrentar, desde o início, a resistência tenaz do
estamento religioso cristão. Às fogueiras e patíbulos da Santa Inquisição cabia
a função macabra de garantir que a pureza da fé cristã não fosse manchada por
hereges e heresiarcas. O progresso tecnológico era visto com grande suspeita
porque aumentava o poder criador do homem às custas da onipotência do Criador.
Todo este progresso material e cultural de que hoje nos orgulhamos, foi
alcançado, em boa parte, sem as bênçãos das Igrejas.
Ainda está por
decolar a primeira nave espacial tripulada por teólogos cristãos e destinada a
alargar o raio de compreensão da fé cristã. Viagens espaciais podem contribuir
grandemente para ampliar o espaço da autocompreensão do homem. A ciência
(biologia e psicologia, de modo especial) contribuem para aumentar enormemente
a compreensão racional do universo, partindo do homem em direção ao cosmos.
Cresce entre cientistas a convicção de que para compreender o homem é preciso
compreender o universo todo e que nada há nele que não tenha alguma relação com
o destino último do homem. Cresce, ao mesmo tempo, entre estudiosos da
astrofísica, a convicção de que o homem que povoa este nosso vastíssimo
planetinha não é o único ser inteligente do universo. Por este vastíssimo universo afora haverá,
certamente, muitíssimo mais planetas capazes de abrigar e desenvolver formas de
vida semelhantes às nossas. E por que a vida,
que é tão criativa, teria que restringir sua versatilidade a ponto de não poder
manifestar-se a não ser em ambientes como o da nossa biosfera? O tipo de fé cristã
que prevalece nas Igrejas cristãs é em tudo o oposto do espírito de aventura
que caracteriza os projetos da NASA.
Do livro “A IGREJA
QUE EU AMO” de Pe. José Marcos Bach,SJ