COMO SUPRIR PROBLEMAS DE
COMUNICAÇÃO
Um dos problemas sociais mais dramaticamente sentidos é a nossa limitada
capacidade de comunicação. Não existe, na prática, uma língua que todos possam
falar e compreender. As mais faladas pelos povos que povoam a face deste nosso
planeta são tantas e tão diferentes entre si que até mesmo um poliglota como
Mezzofanti, que falava e entendia mais do que quarenta idiomas, fica a ver
navios quando longe da sua Itália natal.
Começamos a nos comunicar emitindo sons. Quando maiores, formulamos
conceitos. Tanto a palavra como o conceito são meios de comunicação que não nos
permitem uma transmissão clara e inequívoca do que pensamos, sentimos ou
queremos. Mais que outro fator qualquer é o medo de ser mal entendido que nos leva
a pouco sábia conclusão de que “em boca fechada não entra mosca”.
Se temos amigos serão poucos, porque tanto eles como nós deixamos de regar
esta delicada plantinha chamada amizade, não por falta de água, mas por falta
de tempo. Existe, porém, uma modalidade de comunicação não verbal e não
conceitual que sábios da antiga Índia conheciam e praticavam. Ela é chamada e
conhecida como telepatia ou então arte de ler o pensamento de outrem.
A razão é que produz o pensamento. A faculdade que produz o sentimento é a
consciência. O amor é o meio de comunicação que duas consciências irmanadas
usam para se comunicar. A telepatia é a linguagem preferida dos que se amam. Em
lugar de dizer que a comunicação telepática permite a duas pessoas lerem o
pensamento uma da outra, melhor seria dizer que conseguem ler o sentimento uma
da outra.
Palavras e conceitos são meios de comunicação relativamente pobres e até
certo ponto rudimentares em comparação com o que um simples olhar ou sorriso
pode significar. Místicos, como Mestre Eckhart, diziam que a linguagem
preferida de Deus é o silêncio.
Inácio de Loyola resumiu a fé cristã toda quando a traduziu nesta frase
tão singela: “Sentire cum Ecclesia” –
“Sentir com a Igreja”. Para Inácio a Igreja é fiel à sua vocação divina se o
espírito que a anima é o mesmo que animou a Cristo, seu divino fundador. O
apóstolo Paulo avaliava suas comunidades tomando como critério de aferição o
sentimento que unia a todos. “Tende o mesmo sentimento uns para com os outros”
(Rm 12,16). O sentimento tem o poder de unir pessoas que o pensamento e a
lógica não têm. Detalhe que muitos teólogos lamentam é que Jesus saiu sem
deixar à posteridade um sólido arcabouço de verdades claramente definidas.
Padre Marcos Bach
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