JESUS CRISTO VEIO PARA FICAR
Jesus Cristo veio para
ficar e a humanidade vai precisar cada vez mais da sua presença e dos seus
ensinamentos na medida em que a complexidade dos fatores em ação vier a
aumentar.
Os fatores que interagem para formar o panorama
social de hoje fazem da arte de governar um exercício mais confuso e mais
próximo do caos do que do mais tímido conceito de ordem. Quem ainda sabe onde
encontrar a fronteira que separa o delinquente comum do político esperto? Um
projeto social por mais inteligente que seja, só terá chances de acabar dando
certo se a sua execução prática vier a parar nas mãos certas. Jesus nunca
formulou este problema, mas poderia tê-lo posto nestes termos iniciais: “Com
que tipo de pessoas vou poder realizar o que tenho em mente?”. A casta
sacerdotal lhe teria dito sem dúvida: “Escolha um dos nossos ou algum Doutor da
Lei”. Um saduceu como Kaifás lhe teria sugerido: “Escolhe um dos nossos, pois
somos ricos e temos dinheiro bastante para financiar o seu projeto”. Na hora de
escolher os seus colaboradores mais chegados Jesus foi até o Lago de Genezaré e
sua escolha recaiu quase que exclusivamente sobre pescadores.
Quem hoje pensa em
organizar uma Comunidade Cristã nos moldes em que ela aparece descrita nos Atos
dos Apóstolos vai colher provavelmente mais decepções do que sucessos! O mundo
atual que na metade do século passado ainda era um “caldeirão fervente” pronto
para aceitar mudanças, algumas tão radicais como as que os comunistas
propunham, está cansado de pactuar com revoluções que acabaram produzindo mais
ruínas do que mudanças! Quem hoje ainda se empolga com a ideia de poder tomar
parte numa revolução?
O concílio Vaticano II prometia ser o primeiro passo
para a constituição de uma Igreja católica amplamente renovada e afinada com o Zeitgeist do seu tempo. “Aggornata”, como a queria o Papa João
XXIII. São fundamentalistas e tradicionalistas, mais empenhados em conservar o
que sobrou das ruínas do passado, que por toda a parte ganham eleições e vencem
os seus oponentes na corrida contra o tempo em que todo esforço político acabou
sendo transformado. O único setor que apresenta um relativo crescimento é o
setor de serviços. O número de servos e de servidores cresce, mas o dos
senhores diminui cada vez mais. O dono de um restaurante é tão dependente de
sua clientela e precisa deles tanto quanto seus empregados precisam dele.
Seria maravilhoso se com o crescimento do setor de
serviços viesse a crescer nas pessoas o desejo de servir e de apostar no
serviço como terreno apropriado à autorrealização pessoal. A mesma pessoa que
amaldiçoa a sua condição de serviçal mal pago e maltratado sonha com o dia em
que lhe será permitido devolver o troco com juros e correção monetária. Tanto
no terreno religioso como no campo social e até mesmo no terreno econômico é
fácil encontrar candidatos dispostos a participar de um projeto social que lhes
permite mandar em outros, ao menos um pouquinho. O ideal de um “bom”
funcionário é aposentar-se com bom salário, passar o resto da vida numa praia
sofisticada, deixando o trabalho para outros. Jesus ficou bastante só depois
que declarou: “O Filho do Homem veio para servir, e não para ser servido” (Mt
20,28).
Se em sua Segunda Vinda
Cristo vier a ensinar-nos como amar-nos uns aos outros como Ele nos ama, então
seu retorno e sua permanência em nosso meio terá valido a pena!
Padre Marcos Bach
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