A CORAGEM DO ATO DE FÉ EM JESUS CRISTO
A coragem que nasce da
fé em Cristo é serena, tranquila. Não brota de alguma forma de desprezo pela
vida ou pelos perseguidores. Sua superioridade está em que ela não se impõe nem
pela força, nem pela propaganda. A coragem cristã é coragem pura e se impõe por
si mesma. É ideologicamente pura!
Toda coragem tem o seu
preço. No caso da coragem cristã o preço é ambíguo. Envolve tanto a vergonha da
derrota quanto a glória do triunfo.
Há derrotas que são prenúncios de triunfo. E há
triunfos que só servem para mascarar derrotas inevitáveis. É próprio de toda a
ideologia triunfalista esquecer uma lição fundamental da história: é de
derrotas que nasceram até hoje as mais belas vitórias.
A derrota tem o condão
de despertar energias ocultas e adormecidas. Vitórias fáceis costumam
enfraquecer a vontade de um povo mais que derrotas fragorosas. Jesus não desceu do céu para nos
ensinar como colher vitórias e como triunfar sobre eventuais inimigos.
Os romanos tinham um conceito de triunfo radicalmente
oposto ao de Cristo. O general, a quem o Senado Romano concedia a honra do
triunfo, era precedido pelas legiões que comandava e seguido por uma multidão
de prisioneiros de guerra feitos escravos.
O que impressionou a
plebe romana foi a atitude dos mártires, a sua serenidade tranquila. Parecia
que os triunfadores eram eles, e não o Imperador de plantão.
Estamos falando da coragem cristã, e não das outras
muitas formas e manifestações de falsa coragem. A coragem é um atributo que o
homem condivide com o animal. Estamos cansados de ouvir falar da “coragem” com
que a leoa defende seus filhotes. O que uma leoa ou ursa faz em defesa de suas
crias nada tem a ver com o que devemos entender por coragem cristã.
O cristianismo entrou na
história com todas as características de um Movimento Revolucionário. Cristo
não veio dar “colher de chá” nem aos filósofos gregos, nem aos estrategistas da
política imperial romana. A novidade e originalidade da visão social de Cristo
é tão grande que até hoje ninguém se atreveu a levá-la até suas últimas
consequências. Afora Jesus, ainda não surgiu nenhum outro “Messias” e Salvador
da humanidade a confiar o futuro humano ao pensamento livre de homens livres
com a mesma desenvoltura e liberdade com que Jesus o fez.
O Reino de Deus, tal
como Jesus o preconiza, ou será obra de homens e mulheres livres, ou acabará se
perdendo em espaços sociais em que é proibido ter ou tomar partido.
A Igreja de Cristo é um espaço social em que é
permitido a cada um tomar partido. Há muitas maneiras de viver a fé em Jesus Cristo.
O objetivo último e o centro aglutinador é sempre o mesmo: é a Pessoa de Jesus.
Decisivo não é o que se
ensina, mas o modo como se realiza o ato de fé, que é um ato de comunhão de
Cristo com os seus discípulos.
Padre Marcos Bach
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