A FÉ CRISTÃ É LIBERTADORA
Para o apóstolo Paulo
como para o evangelista São João a fé cristã é o passo inicial de um conjunto
de outros passos destinados todos eles à libertação do homem. É da essência da
fé em Cristo ser libertadora. Ninguém entendeu isto melhor que o fariseu
convertido, Paulo de Tarso.
Jesus não veio acrescentar mais leis a um povo já
submerso num oceano de leis iníquas. Paulo entendeu isto. João, o evangelista,
fez do seu Evangelho um Manifesto Libertário. No momento em que a Igreja
começou a se transformar num centro de poder, tudo isso mudou. Quem tem poder
quer exercê-lo. E aí tem início um tipo de relacionamento em que a liberdade
não faz falta.
O caráter libertador da
mensagem de Cristo faz com que o ato de fé cristã seja em sua essência uma
declaração de independência do homem redimido em relação a tudo o que poderia
ser classificado como forma de escravidão. Para um cristão só existe um único
Senhor, Deus. Só dobra o joelho perante Ele. Exclui da sua relação com Deus a
figura do ministro ou do intermediador. Para ele o único Mediador é Cristo.
Quem pode contar com o amor incondicional de um Pai como Deus não necessita de
padres e de santos padres.
O horizonte de liberdade
com que a fé em Cristo nos compromete é ilimitado. Por isso deveria ser
rejeitada como anticristã toda tentativa de pôr limites a esta liberdade.
Um cristão não tem motivo algum para ter medo da
liberdade. Deveria saber discernir melhor que ninguém entre o que é abuso da
liberdade e o que faz parte da nova
liberdade inaugurada por Cristo!
O fato de a Igreja
católica possuir o regime de governo mais absolutista e unipessoal do planeta,
diz com clareza meridiana que seu futuro é o cemitério. Vamos precisar de muito
mais liberdade e de muito menos leis se quisermos sobreviver às vicissitudes do
Terceiro Milênio. O futuro da história não depende de pessoas que já sabem de
antemão o que este futuro deve ou não pode abrigar. O futuro de uma pessoa
verdadeiramente livre é sempre incerto e imprevisível. O futuro ideal de um
burocrata é determinado pela lei da estabilidade.
O momento atual da história nos coloca a todos diante
de um dilema: ou queremos para nós um futuro assegurado por medidas de
seguridade social, ou vamos arriscar-nos a fazer do nosso futuro um jogo ainda
mais arriscado do que o atual.
A ideia de que a fé em
Cristo nos vai proporcionar certezas e seguranças que só ela nos pode dar provavelmente
é tão ilusória quanto a fé de um marxista num futuro humano sem Deus.
Padre Marcos Bach