O SER HUMANO É O QUE
AINDA...
O homem é o único ser cuja parte mais significativa é
feita de promessa e de esperança. Isto quer dizer que ele é acima de tudo o que
ainda não é. É a este aspecto do seu ser e de sua consciência que se deve
associar o fenômeno da “angústia existencial”, que, portanto, é mais do que um
simples chavão da moda.
Podia-se definir o homem como sendo em sua essência
não uma criatura de Deus, mas um eleito de Deus, um ser vocacionado. Um ser
escatológico, peregrino na terra em que vive.
O “sonho” da larva é a borboleta, mas a borboleta é
mais que simples sonho; é a parte melhor da larva.
O homem não é, pois, tanto o que já pode definir,
registrar e arquivar, quanto o que se esconde no seio de sua esperança.
Se a medida que vier a dar-se a si mesmo é curta e
mesquinha, a culpa é exclusivamente sua.
Para uma pessoa de consciência adulta a parcela
patrimonial da realidade (tradição-propriedade-ritual-status) representa a
parte “negociável do patrimônio moral. A única parcela que não é negociável é a
que está contida na “esperança” escatológica, pois é a parte verdadeiramente
essencial. O homem de “espírito conservador” tende por força de hábito a trair
o futuro, isto é, a melhor parte do homem, procurando assegurar como
definitivas conquistas geralmente mais suspeitas e duvidosas que legítimas.
Onde o futuro costuma gerar mais medo que entusiasmo,
está havendo muito pouca fé no homem, precisamente no que nele há de mais
promissor. Fidelidade é uma questão ligada às promessas do futuro, mais que às
conquistas do passado.
Aquilo que ainda falta ao homem para ser completo e
que constitui o objeto da esperança, já lhe pertence em certo sentido e faz
parte do seu ser. O futuro da esperança não é mero futuro ou devir, mas já é
presente, embora esta presença só tenha uma vaga semelhança com a posse plena.
Cada pessoa já é, em sentido lato, o que tem a
intenção sincera de ser. Só virá a ser e a realizar aquilo que quer. E aquilo
que está inscrito na intencionalidade profunda do se ser. É nos movimentos
poderosos do subconsciente e da metaconsciência que o destino do homem é
definido.
Padre Marcos Bach
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