RISCOS PARA A MATURIDADE MORAL NA
ADOLESCÊNCIA
Poucos escapam do massacre moral movido à consciência
infantil. Mesmo estes poucos ainda enfrentam uma série de riscos, a que os
expõe a adolescência. Nesta idade a autoafirmação toma a forma violenta e
agressiva do protesto e da contestação. A maioria dos adolescentes não sabe
aonde dirigir sua agressividade nem o que fazer com a sua liberdade
conquistada.
Mais confusa, perplexa e contraditória que a do
adolescente é a atitude dos adultos. Quantos dentre pais e filhos em situação
de choque e de conflito sabem que a adolescência é a idade em que a consciência
passa por um processo amplo e profundo de reestruturação? Pois é na
adolescência, em meio ao fragor dos protestos, que se dá a passagem da
“consciência socializada” infantil para a “consciência cerebral”.
A “consciência socializada” torna a criança capaz de
se adaptar ao ambiente social em que vive. A “consciência cerebral” dá ao
adolescente a capacidade de organizar de maneira racional e realista a sua
existência. Significa a passagem da heteronomia para a autonomia, da submissão
para a participação, da competição para a colaboração, da possessividade
egoísta para a oblatividade e a doação de si.
A adolescência é uma época e um tempo extremamente
fecundo e rico em potencialidades de afirmação e desenvolvimento da
personalidade moral.
O adolescente é alguém que se põe a romper os quadros
psicossociais da consciência socializada, em procura de uma identidade própria,
individual e original. Não se choca apenas com o ambiente social em que vive,
mas entra em conflito consigo mesmo. “Quem sou eu realmente?” O conflito
interno desenrola-se em seu íntimo mais pessoal. Possui as proporções de uma
verdadeira “guerra”, tendo como palco a consciência. Toda a “crise de
identidade” significa, antes de tudo, um problema na área psicomoral, e só
constitui um problema social em sociedades que se defrontam com o desafio da
transformação.
A crise de identidade do adolescente não é apenas uma
“febre” qualquer. É um “distúrbio central” (Erikson), que atinge em seu âmago
tanto o indivíduo como a sociedade em que vive.
Sendo a identidade antes um processo que um “estado”,
não se pode concebê-la como grandeza acabada, mas é necessário associá-la ao
mundo das realidades inacabadas, provisórias e relativas. O processo só é
positivo onde a identidade é sentida como “realidade em expansão”.
Toda experiência de identidade é, por conseguinte, um
ato de esperança.
Padre Marcos Bach.
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