QUE
O ESPÍRITO SANTO NOS ASSISTA
A jornada espiritual de uma
alma em demanda do seu habitat
definitivo é precedida de muitos preparativos, mas a viagem propriamente dita
só tem início a partir de certo momento: é quando o “avião” está pronto para
decolar!
Cada passageiro em sua
poltrona, a despensa bem fornida de “provisões de boca” e os tanques
abarrotados de combustível: verificado tudo isto, o piloto pede autorização
para levantar voo! Dá para voar sem passageiros e sem “munição de boca”. O que
não dá é voar sem combustível.
O combustível que impulsiona
uma alma em sua jornada espiritual rumo ao infinito e ao desconhecido é o Amor
de Deus. É Deus que fornece à alma o combustível de que ela necessita. Todos os
místicos cristãos são unânimes neste ponto: “a santidade é obra exclusiva de
Deus”!
Ninguém se torna santo, como
Deus é santo, por mérito próprio! O máximo que a alma pode fazer por conta
própria é abandonar-se inteiramente e sem resistências ao “fogo do Amor
Divino”. Nenhum autor descreveu todo este processo tão bem quanto São João da
Cruz.
O processo de santificação da
alma começa no momento em que alguém, inspirado pelo Espírito de Deus, toma a
decisão de se confiar totalmente ao Amor do seu Deus! De esperar só dele o que
até então esperara de si e de outros. Esta decisão equivale a uma sentença de
morte e a uma capitulação incondicional do Eu em benefício do Self. Representa
o início de uma jornada em direção ao seu próprio interior.
O verdadeiramente santo é
alguém que se conhece melhor que ninguém, pois aprendeu a arte de se “ver como
Deus o vê”. Quem se abandona de todo ao Amor Divino acaba vendo tudo com “os
olhos de Deus”: vê as coisas todas em sua verdadeira dimensão! Não despreza o
verme que rasteja a seus pés! O santo é alguém que valoriza tudo e não despreza
nada. Consegue ver grandeza e beleza onde outros só veem baixeza!
O primeiro passo que Paulo
deu após a conversão foi “cair do cavalo”. Logo em seguida “ficou cego” até o
dia em que lhe vieram a cair dos olhos as “escamas” que o impediam de ver as
coisas como Cristo as via!
Nos tratados de
espiritualidade a jornada espiritual é dividida em três vias: a via purgativa;
a via iluminativa; e a via unitiva. Em síntese: o candidato à vida perfeita
deve passar por um processo preliminar de “purificação”. Tudo o que o impede de
refletir com perfeição a imagem de Deus deve ser eliminado.
Paralelo a este um segundo
processo tem início: o da “iluminação”, como o chamam os místicos.
Um último passo é dado quando
a alma começa a trilhar a chamada “via unitiva”.
Desintoxicar a mente, o
espírito e a alma, descarregar lastro inútil, livrar-se de dependências
viciosas e de toda e qualquer espécie de medo: eis a primeira tarefa que
aguarda o candidato à perfeição cristã.
Muitos principiantes desistem
já no meio do primeiro estágio, pois ele exige paciência, perseverança, honestidade
fora do comum e muita humildade. Hábitos adquiridos ao longo de anos são
pertinazes e não cedem facilmente.
Nos Evangelhos aparecem os
fariseus como mestres consumados na arte de fingir e de ostentar como virtude o
que na realidade nada mais era do que vício camuflado, vaidade e orgulho
disfarçado.
O diabo, diz Santo Inácio, é
especialista na arte de imitar Deus. Suas “luzes” são traiçoeiras, pois ofuscam
em lugar de mostrar o caminho!
Padre
Marcos Bach
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