RESPEITO AOS QUE SE ADIANTAM NA HISTÓRIA
Um guia turístico só é útil se possuir conhecimento
exaustivo da região aonde quer levar seus turistas.
Pontos de atração turística são lugares especiais.
Neles a natureza e a história se unem para formar uma combinação estranha de
beleza com tristeza e saudade. Quem perambula pelas ruelas de Pompeia, para
citar um exemplo, sente-se transportado para outro mundo, onde o espaço-tempo
não é o de hoje. Tristeza e saudade, nada mais do que isto, experimenta quem visita
Pompeia e Herculanum. A região em torno do Vesúvio é linda, mas ainda não faz
parte do mundo moderno. Lá tudo fala mais do passado que do presente. Há
momentos da história que ainda não chegaram até lá onde nos encontramos hoje. O
mesmo sentimento de tristeza se apodera de quem visita Atenas ou Assis.
O que falta a estes lugares e os torna atraentes é a
ausência de qualquer referencial ao momento histórico presente. Servem
otimamente aos que querem fugir do presente e retornar a épocas passadas. Seus
recintos são povoados por símbolos que já não fazem mais parte da consciência
do homem moderno. Assis é um lugar triste. Nela tudo respira saudade. Saudade
de um homem que setecentos anos atrás já via a sua Igreja com os mesmos olhos
com que hoje vemos a Igreja. O sonho de Francisco não chegou a se realizar.
Mesmo assim sua figura é mundialmente conhecida.
Os homens que mais influíram nos destinos da
humanidade podem ser classificados muito bem como “fracassados”. Jesus, e antes
dele, Moisés; Francisco de Assis, Teilhard de Chardin e tantos outros, nunca
chegaram a experimentar as delícias de uma apoteose.
Jesus foi enterrado às pressas e às escondidas. Tomás
de Aquino só foi reconhecido oitenta anos depois da sua morte. Johan Sebastian
Bach precisou de tempo igual para ser reconhecido como gênio musical.
Está com a razão quem parte da convicção de que a
“parte do leão” no processo histórico cabe a pessoas que tiveram a ousadia de
se adiantar tanto aos demais quanto a seu tempo. Ir depressa e mais longe que a
maioria, sempre foi a maneira mais certa de arrumar encrencas. Francisco de
Assis e Teilhard de Chardin que o digam. Francisco vive no coração de todos os
amantes da natureza. Teilhard vive no pensamento dos que lhe admiram a ousadia
com que derrubou a muralha que até então separava a Fé da Ciência, e
vice-versa.
Teilhard nunca fez questão de ser mais cristão do que
cientista. Repartia seu amor e sua adoração por igual entre o Criador e suas
criaturas. Fez questão de não manter separado o que a seus olhos só podia ser
entendido como unidade. Para ele as diferenças só são “reais” no plano teórico
formal. No plano real concreto valia o axioma do Tomás de Aquino: “Omne ens est unum”.
Padre Marcos Bach
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