NÃO HÁ PERDAS A LAMENTAR
Durante milhares de anos os estudiosos da coisa do
céu e da terra eram poucos. Vendo que as estrelas do céu pareciam não sair
nunca do lugar, deram ao céu o nome de firmamento.
O caráter vibrante e pulsátil do universo só foi
descoberto pelo físico alemão Max Planck no início do século XX. Tanto como a
luz, o átomo também vibra e pulsa, pois se dilata e se contrai milhões de vezes
a cada segundo.
Não sou cientista, mas a minha condição de teólogo me
leva a fazer a pergunta que Luis de Gonzaga costumava fazer em situações
idênticas: “Quid hoc ad aeternitatem?”
“O que isto me aproveita para a eternidade?”. Será que os princípios da Teoria
Quântica começam a vigorar com força redobrada depois quando nos encontrarmos
livres dos laços que nos prenderam ao mundo material?
Se existe uma relação de natureza causal entre tempo
e velocidade, então deve de existir a
fortiori uma relação causal entre velocidade e eternidade. Einstein ainda
era de opinião que a velocidade da luz era a velocidade máxima que uma entidade
material podia desenvolver sem se desmaterializar por completo. Hoje já se sabe
que à velocidade da luz o tempo deixa de fluir em direção do passado.
Ultrapassada a velocidade da luz o tempo inverte a direção e começa a se movimentar
do presente em direção ao futuro.
O passado deixa de ser passado e passa a ser parte
essencial de um presente eterno. A saudade muda de direção. O que aliena nosso
desejo não é aquilo que já tivemos um dia, mas que o tempo se encarrega de
levar consigo. Não faz sentido sentir saudade quando tudo o que é desejável
ainda está por vir. Tudo o que de bom está à nossa espera se encontra no dia de
amanhã. Não há perdas a lamentar, pois tudo o que merece nossa atenção ainda
nos espera.
A saudade do saudosista leva-o a lamentar quando a
atitude mais inteligente o levaria a se rejubilar. Nada está perdido, tudo se encontra
a salvo da ação deletéria do tempo. A salvação eterna consiste em subtrair-se à
ação do tempo e viver antecipadamente em clima de eternidade e de perpétuo
rejuvenescimento.
“Não vos preocupeis com o dia de amanhã” (Mc 13,11).
Pois tudo o que se encontra à vossa frente já está assegurado.
Padre Marcos Bach
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