TODA CRIAÇÃO É AMOR
“A suprema natureza do universo é uma energia de
amor”! Quem acha que esta afirmação foi feita por um teólogo se engana, pois
ela foi proferida por um cientista, um físico atômico, para ser mais exato, que,
além disso, é judeu. David Bohm, chama-se o homem que no termo final da sua
vida deixou de lado os aspectos estritamente científicos para se dedicar a
aspectos que hoje são definidos como metacientíficos. Se um físico judeu chegou
à conclusão de que o universo só poderia ser uma linda e maravilhosa “teia de
amor”, que dirá dele um cristão que o contempla como Inácio de Loyola com o
olhar perdido no infinito?
Se Deus é Amor, o universo feito à sua imagem e
semelhança também deve ser “um amor”. No universo material tudo obedece a uma
Lei Fundamental que é a Lei da Gravidade. Cada partícula tende a se unir com
outras para assim formarem conjuntos mais complexos e mais poderosos. Os
cientistas estão empenhados em descobrir qual a energia básica à qual todas as
outras podem ser reduzidas.
David Bohm chegou à conclusão de que esta energia
fontal só podia ser uma “energia de amor”. Neste caso o cosmo, tudo seria em
última instância nada mais que um monumental “Romance de amor”! Outros há que
estão propensos a reconhecer a energia gravitacional como a “fonte primária” de
todas as demais formas de energia. Já se fala da existência de uma
minipartícula subatômica, o gráviton, que seria o responsável por todas as
formas de atração gravitacional, desde a formação de órbitas estelares até a
formação de uma comunidade humana.
Se não existisse o poder de atração que cada mônada
exerce sobre as outras, o universo, como o conhecemos, não poderia existir.
Quando o apóstolo São João disse que “Deus é Amor” formulou uma das Verdades
Fundamentais da fé cristã.
Se é verdade o que disse João, então o amor é tão
essencial à constituição do universo quanto o poder criador de Deus. Seguindo
esta linha de reflexão poderíamos chegar à conclusão de que em Deus, Poder,
Criador e Amor são sinônimos. “Deus cria amando e ama criando”. Se Deus é Amor,
Ele só pode ser “Deus” na medida em que ama. A começar por si mesmo, pois
muitos íons antes que existisse o universo criado, Deus só tinha a si mesmo
para amar e ser amado.
É por isso ou de acordo com esta lógica que Jesus nos
aconselha amar a Deus como a nosso próximo e ao próximo como a si mesmo. Ou por
outra: todo amor começa por ser em seu início uma forma de “amor próprio”.
Ascetas houve, mesmo entre cristãos, que nos queriam impor um conceito de
Amor-Caridade baseado no “desprezo de si mesmo”. Jesus reabilitou o amor
próprio colocando-o na base de todo o processo normal de desenvolvimento
afetivo.
Uma ascese que prega a autodestruição e exclui a
autoestima da lista das virtudes é tipicamente pagã e nada tem em comum com os
ensinamentos de Cristo. Foi na Pérsia do sexto século antes de Cristo que
surgiu esta concepção maniqueísta do amor.
Padre Marcos Bach