sexta-feira, 29 de março de 2013

SER RESSUSCITADO É SER FELIZ


                 
         Ser feliz não é apenas um direito, um alvo a ser mirado, uma consequência que acompanha e segue a boa ação. Uma espécie de recompensa moral. O “status” ético que Tomás de Aquino lhe confere é essencialmente superior. A felicidade é elemento constitutivo de toda a ordem moral! Não vem acrescentar-se à boa ação e à opção moral correta, mas deve precedê-la, determiná-la. Só possui valor moral o que contribui para tornar uma pessoa ainda mais feliz do que já é! Somente uma pessoa feliz tem condições de “amar como convém”. Só uma pessoa feliz consegue esquecer-se de si, e só quem sabe amar sabe o que é ser feliz!

         Uma das mais surpreendentes descobertas biológicas da atualidade é a de que a bem-aventurança é uma forma de energia presente em cada célula. Células felizes se juntam para produzir a sensação de bem-estar que caracteriza todo organismo saudável. O corpo não permanece indiferente ao que se passa na alma. Sem a sua base biofísica a felicidade espiritual será sempre parcial e incompleta. O destino último do corpo humano é a ressurreição e não a destruição. Através deste dogma o cristianismo reforça a crença na união indissolúvel entre corpo e alma, espírito e matéria. O corpo é uma das mais brilhantes realizações de engenharia genética. É difícil imaginar o que poderia levar o Criador a destruir definitivamente manifestação tão eloquente do seu poder e de sua sabedoria!

         “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt 5,4). Pode alguém chorar de felicidade?

         As lágrimas que a infelicidade nos leva a verter, não são as únicas e nem sequer as melhores. As que a felicidade consegue arrancar de nossos olhos são muito melhores. O “dom das lágrimas” é um favor que Deus concede a seus mais íntimos amigos.

         Há uma diferença substancial entre sentir prazer e satisfação e ser feliz. O prazer é um contentamento mais superficial e passageiro que a satisfação. A satisfação difere do simples prazer pelo fato de provir de planos mais profundos da alma. Ela é mais duradoura, profunda e mais abrangente que o prazer que nos proporciona uma boa comida, por exemplo.

         A felicidade é uma espécie de alegria permanente, algo parecido com uma música de fundo que acompanha uma pessoa dia e noite. Assim como é impossível imaginar um barco a vela sem vento, do mesmo modo é impossível imaginar um santo infeliz. A felicidade é o vento impetuoso que infla as velas de uma alma em sua viagem para o infinito!

         A palavra bem-aventurança é usada na Bíblia para expressar a felicidade máxima a que um ser humano pode aspirar. É uma felicidade que só podemos pressentir e saborear à distância. Ela é o objeto da esperança cristã. O espaço que a abriga chamamo-lo de Céu. Este espaço possui uma dimensão subjetiva interior. Possui também uma dimensão social, já que basicamente é o mesmo para todos os membros da família de Deus. Possui, outrossim, uma dimensão cósmica, pois o cosmos todo fará parte do Céu de cada pessoa, no singular.

         Por fim, será a morada preferida de Deus e como tal o nosso Céu fará para sempre parte da bem-aventurança do próprio Deus! Para os que consideram esta visão demasiadamente ousada, bela demais para ser verdadeira, podemos responder sem titubear um instante: ela é linda demais para não ser verdadeira!

            “No Céu nos veremos, caro leitor e leitora! Tchau e até lá”!

Texto do manuscrito “SANTIDADE” de Pe. José Marcos Bach, SJ    

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