terça-feira, 9 de julho de 2013

ENTREVISTA COM O NOVO PAPA

A ciência progrediu aos saltos nestes últimos decênios. A impressão que se tem é de que a Igreja católica não conseguiu acompanhar este avanço. O que Vossa Santidade pensa a respeito deste assunto?

Papa: “A complexidade do universo que os cientistas nos estão revelando é tal que nem sequer eles mesmos conseguem compreendê-lo. A crença de que o mundo científico é povoado por gênios e que o mundo da fé é povoado apenas por reacionários, fundamentalistas fanáticos e analfabetos, não corresponde à verdade. A ideia que a maioria dos nossos intelectuais tem da natureza do tempo é a mesma que dele tinham Aristóteles ou Galileu. São muito poucos os que se deram conta do caráter revolucionário das descobertas de Einstein ou das implicações práticas da Teoria Quântica. Também no campo científico é possível encontrar pessoas que se negam a pensar mais longe do que o horizonte das suas conveniências. Em se tratando de formular teorias, somos todos, cientistas e teólogos, mais corajosos do que quando somos convidados a pô-las em prática.

A verdade é multiforme e se pode chegar a ela por mais que um único caminho. Os meios de chegar até ela são diferentes, mas o resultado final é um só e consiste na consciência de ter-se aproximado um pouco mais da Verdade Suprema. Cientistas, filósofos, místicos e poetas só merecem fé se souberem respeitar uns aos outros.

O diálogo da ciência com a fé não pode ser conduzido por especialistas deste ou daquele ramo do saber humano. Não pode ser confiado a pessoas acostumadas a pensar sempre numa única direção. O fato de sabermos hoje que o universo é muito maior e bem mais complexo do que se podia supor uns poucos séculos atrás, nos convida a sermos mais humildes e menos prontos a proclamar como definitivo o que na melhor das hipóteses não é mais do que uma pequena bolha de saber na superfície de um oceano de interrogações para as quais ainda não temos resposta satisfatória. Considero a curiosidade intelectual aspecto fundamental da fé de um autêntico cristão adulto. Sou dos que acreditam que nos encontramos aqui neste planeta para aprender algumas lições que só a passagem por ele nos pode ensinar.

Quem de nós não sabe por experiência que até o erro pode ensinar alguma coisa!? Errar é humano, mas só na medida em que dele nos servimos para aprender como não se deve proceder. O medo de errar pode ser tão nocivo à fé quanto a impostura a céu aberto. Não somos infalíveis nem precisamos da infalibilidade para sermos cientistas ou cristãos honestos e merecedores de respeito. Basta que sejamos humildes servos da Verdade, cada qual a seu modo e dentro do campo da sua competência”.


Do manuscrito “O NOVO PAPA” de Pe. José Marcos Bach, SJ

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