quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A IMPORTÂNCIA DA VIDA DE CADA CRISTÃO

O essencial do testemunho de fé se encontra na vida de cada cristão, em particular. O que acontece na hora do culto ou da celebração eucarística adquire sua autenticidade do modo como os membros da respectiva comunidade vivem a sua fé em Cristo no ambiente social em que estão inseridos. A palavra só será verdadeira se puder circular livremente. A missa é apenas parte do que uma comunidade precisa realizar para colocar-se em dia com suas obrigações missionárias e apostólicas.

No centro das reflexões não está a Palavra ou as palavras que Jesus pronunciou, mas a própria Vida de Jesus. Menos indicado ainda é aproveitar a hora do culto para transmitir palavras de ordem provenientes de cima e de fora. Quem não participa da vida de uma comunidade exclui-se a si próprio do direito de falar. O direito de falar a uma comunidade ou em suas assembleias depende exclusivamente do grau de compromisso e de solidariedade efetiva de quem pretende ter vez e voz numa Comunidade Cristã. Quem não escuta nem respeita a voz do Povo perde o direito de falar em seu nome. Menos ainda cabe-lhe o direito de falar em nome de Cristo. Também à voz do povo, isto é, à opinião pública, se podem aplicar as palavras de Jesus: “Quem vos ouve a mim ouve, e quem vos despreza, a mim me despreza” (Lc 10,16).

Pastores que fazem caso omisso do modo como suas “ovelhas” vivem sua fé em Cristo só conseguem falar em seu próprio nome e no de mais ninguém. A primeira voz que os membros de uma Comunidade Cristã devem escutar e acatar é a parte do seu próprio interior. Num lugar igualmente participativo encontram-se as vozes provenientes de outras Comunidades de Fé. O contato horizontal entre Comunidades de Fé é vital para a sobrevivência de cada uma delas.

A vitalidade das grandes Igrejas depende da vitalidade das pequenas Comunidades Eclesiais. Na Igreja católica deu-se, ao longo dos séculos, um processo de centralização altamente prejudicial ao bom funcionamento das pequenas Comunidades Eclesiais. O poder central absorve, por completo, a sua autonomia.

In: Manuscrito de Pe. José Marcos Bach, sj

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