quarta-feira, 23 de outubro de 2013

COMO SUPRIR PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO

Um dos problemas sociais mais dramaticamente sentidos é a nossa limitada capacidade de comunicação. Não existe, na prática, uma língua que todos possam falar e compreender. As mais faladas pelos povos que povoam a face deste nosso planeta são tantas e tão diferentes entre si que até mesmo um poliglota como Mezzofanti, que falava e entendia mais do que quarenta idiomas, fica a ver navios quando longe da sua Itália natal.

Começamos a nos comunicar emitindo sons. Quando maiores, formulamos conceitos. Tanto a palavra como o conceito são meios de comunicação que não nos permitem uma transmissão clara e inequívoca do que pensamos, sentimos ou queremos. Mais que outro fator qualquer é o medo de ser mal entendido que nos leva a pouco sábia conclusão de que “em boca fechada não entra mosca”.

Se temos amigos serão poucos, porque tanto eles como nós deixamos de regar esta delicada plantinha chamada amizade, não por falta de água, mas por falta de tempo. Existe, porém, uma modalidade de comunicação não verbal e não conceitual que sábios da antiga Índia conheciam e praticavam. Ela é chamada e conhecida como telepatia ou então arte de ler o pensamento de outrem.

A razão é que produz o pensamento. A faculdade que produz o sentimento é a consciência. O amor é o meio de comunicação que duas consciências irmanadas usam para se comunicar. A telepatia é a linguagem preferida dos que se amam. Em lugar de dizer que a comunicação telepática permite a duas pessoas lerem o pensamento uma da outra, melhor seria dizer que conseguem ler o sentimento uma da outra.

Palavras e conceitos são meios de comunicação relativamente pobres e até certo ponto rudimentares em comparação com o que um simples olhar ou sorriso pode significar. Místicos, como Mestre Eckhart, diziam que a linguagem preferida de Deus é o silêncio.

Inácio de Loyola resumiu a fé cristã toda quando a traduziu nesta frase tão singela: “Sentire cum Ecclesia” – “Sentir com a Igreja”. Para Inácio a Igreja é fiel à sua vocação divina se o espírito que a anima é o mesmo que animou a Cristo, seu divino fundador. O apóstolo Paulo avaliava suas comunidades tomando como critério de aferição o sentimento que unia a todos. “Tende o mesmo sentimento uns para com os outros” (Rm 12,16). O sentimento tem o poder de unir pessoas que o pensamento e a lógica não têm. Detalhe que muitos teólogos lamentam é que Jesus saiu sem deixar à posteridade um sólido arcabouço de verdades claramente definidas.

Padre Marcos Bach

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