quarta-feira, 6 de novembro de 2013

TANATOLOGIA

“A pergunta mais importante do mundo, a verdadeira base de todo ato maduro, é esta: quem sou eu? Porque, se não conhecemos a nós mesmos, não poderemos conhecer a Deus” (Anthony de Mello, sj – Auto Libertação – Ed. Loyola, p.26).

A morte, durante milênios, foi vista como final inglório e trágico de uma vida, cujo sentido em vão se procurava descobrir. “Non omnis morriar”. “Não morrerei de todo”! Era o máximo que um filósofo conseguia afirmar a respeito da morte.

Suspeitava-se em ambientes acadêmicos e religiosos que alguma coisa do que fora um dia uma gloriosa miss ou um garboso cavaleiro podia restar depois da morte. Mas certeza ninguém a tinha. Mesmo hoje, tudo o que afirmamos a respeito da morte, são apenas hipóteses. Nada há que se possa proclamar como certo, como cientificamente provado!

Tanatologia é o nome que se deu à ciência que estuda o fenômeno da morte. A morte deixou o ambiente macabro das funerárias e passou a frequentar o ambiente sofisticado dos laboratórios científicos.

O que será que levou o mundo científico a se interessar tão vivamente por um assunto que aparentemente em nada contribui para melhorar a vida humana? Ainda na primeira metade do século XX era difícil encontrar alguém que descrevesse o que viu, sentiu e experimentou no curto espaço de tempo em que estivera clinicamente morto. “Experiência de Quase Morte” (EQM) é este o nome com que o fenômeno se tornou conhecido.

O volume de estudos sobre o tema morte está tendo um crescimento exponencial. Não é apenas a quantidade que cresceu, mas também a qualidade está se tornando cada vez melhor. Os primeiros estudos tinham como objetivo descrever os aspectos fenomenológicos da EQM. Mas já estão aparecendo autores que se preocupam com o significado da experiência. Kenneth Ring é um destes autores. Em seu livro Rumo ao Ponto Ômega (Ed. Rocco) ele deixa claro que em sua opinião o objetivo de uma EQM não consiste em preparar uma pessoa para morrer. Pois são tantos os que saem desta experiência não só com vida, mas profundamente, e por vezes até radicalmente mudados!

Em vez de mudar de ambiente, o que teria ocorrido caso tivessem morrido, foram aconselhados a retornar ao ambiente donde tinham partido. É como se algum filósofo lhes tivesse ensinado que se existem problemas, eles não são causados pelo ambiente em que vivem, mas por um modo desastroso de organizar a sua vida.

Padre Marcos Bach

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