quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

É TEMPO DE CONVERSÃO E DE ESPERANÇA

Conversão é muito mais do que arrependimento. Este consiste em desfazer-se de um passado mal vivido e socialmente nocivo. Quem quer converter-se tem que voltar-se para o futuro e enfrentar seus desafios com base num projeto de vida radicalmente oposto e diferente do anterior.
           
Se a Igreja católica é uma instituição necessitada de conversão, é perfeitamente admissível que os que dela se afastaram estejam mais certos do que os que em seus templos se reúnem para cantar e bailar em honra de Deus. Se o Papa tem razão, então a hora de cantar não é esta em que o mundo vive. Então chegou a hora de preparar a Igreja para a longa travessia que a passagem pelo Terceiro Milênio irá representar.
           
Uma Igreja paralítica, sentada em cadeira de rodas, dirigida por homens que têm pavor de mudanças e de ideias novas, não representa ambiente favorável para manifestações de uma fé voltada para o amanhã e cujo compromisso histórico essencial é com o futuro. Esta Igreja nós, católicos, não a temos. E creio que todos os demais irmãos nossos em Cristo não se encontram em situação melhor. Ajudar a uma pessoa a se converter a Cristo não consiste apenas em levá-la a se inscrever como membro de uma Igreja. Há Igrejas em que o dízimo é mais importante do que a solidariedade fraterna.

Entrar a fazer parte de uma Igreja necessitada de conversão, mas que nada faz para tornar efetiva esta conversão, é o mesmo que pactuar com uma situação de pecado. Grande parte dos fiéis que se afastaram da Igreja católica não o fizeram por razões que não podem ser qualificadas simploriamente como “perda de fé”. É possível que o contrário esteja acontecendo e que na raiz deste distanciamento esteja um modo mais amadurecido de compreender tanto a fé em Cristo quanto a verdadeira natureza de uma Igreja que não seja apenas uma espécie de feudo eclesiástico.
           
Só merece o nome de cristão aquele que de alguma forma acabou de morrer para si próprio e para o mundo. Cristão é alguém que nasceu de novo, como disse Jesus em seu diálogo noturno com Nicodemos. Sentir a vida como um permanente crescendo, como flor que a cada dia desabrocha um pouco mais: é esta uma experiência que só a esperança cristã é capaz de proporcionar.


O homem é um ser espiritual dotado pelo Criador de potencialidades ilimitadas. Não foi feito para viver apenas num curto e sofrido lapso de tempo. Seu verdadeiro tempo de vida não é este que ele compartilha com o animal e a planta. Não foi feito para este mundo onde tudo acaba um dia e termina por se degradar. Seu verdadeiro habitat, ao qual aspira com todas as fibras do seu ser, é o Local II, diria Monroe. Um lugar onde a vida se transforma em visão e êxtase.    
Padre Marcos Bach

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