quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

JESUS CRISTO VEIO PARA FICAR

Jesus Cristo veio para ficar e a humanidade vai precisar cada vez mais da sua presença e dos seus ensinamentos na medida em que a complexidade dos fatores em ação vier a aumentar.

Os fatores que interagem para formar o panorama social de hoje fazem da arte de governar um exercício mais confuso e mais próximo do caos do que do mais tímido conceito de ordem. Quem ainda sabe onde encontrar a fronteira que separa o delinquente comum do político esperto? Um projeto social por mais inteligente que seja, só terá chances de acabar dando certo se a sua execução prática vier a parar nas mãos certas. Jesus nunca formulou este problema, mas poderia tê-lo posto nestes termos iniciais: “Com que tipo de pessoas vou poder realizar o que tenho em mente?”. A casta sacerdotal lhe teria dito sem dúvida: “Escolha um dos nossos ou algum Doutor da Lei”. Um saduceu como Kaifás lhe teria sugerido: “Escolhe um dos nossos, pois somos ricos e temos dinheiro bastante para financiar o seu projeto”. Na hora de escolher os seus colaboradores mais chegados Jesus foi até o Lago de Genezaré e sua escolha recaiu quase que exclusivamente sobre pescadores.

Quem hoje pensa em organizar uma Comunidade Cristã nos moldes em que ela aparece descrita nos Atos dos Apóstolos vai colher provavelmente mais decepções do que sucessos! O mundo atual que na metade do século passado ainda era um “caldeirão fervente” pronto para aceitar mudanças, algumas tão radicais como as que os comunistas propunham, está cansado de pactuar com revoluções que acabaram produzindo mais ruínas do que mudanças! Quem hoje ainda se empolga com a ideia de poder tomar parte numa revolução?

O concílio Vaticano II prometia ser o primeiro passo para a constituição de uma Igreja católica amplamente renovada e afinada com o Zeitgeist do seu tempo. “Aggornata”, como a queria o Papa João XXIII. São fundamentalistas e tradicionalistas, mais empenhados em conservar o que sobrou das ruínas do passado, que por toda a parte ganham eleições e vencem os seus oponentes na corrida contra o tempo em que todo esforço político acabou sendo transformado. O único setor que apresenta um relativo crescimento é o setor de serviços. O número de servos e de servidores cresce, mas o dos senhores diminui cada vez mais. O dono de um restaurante é tão dependente de sua clientela e precisa deles tanto quanto seus empregados precisam dele.

Seria maravilhoso se com o crescimento do setor de serviços viesse a crescer nas pessoas o desejo de servir e de apostar no serviço como terreno apropriado à autorrealização pessoal. A mesma pessoa que amaldiçoa a sua condição de serviçal mal pago e maltratado sonha com o dia em que lhe será permitido devolver o troco com juros e correção monetária. Tanto no terreno religioso como no campo social e até mesmo no terreno econômico é fácil encontrar candidatos dispostos a participar de um projeto social que lhes permite mandar em outros, ao menos um pouquinho. O ideal de um “bom” funcionário é aposentar-se com bom salário, passar o resto da vida numa praia sofisticada, deixando o trabalho para outros. Jesus ficou bastante só depois que declarou: “O Filho do Homem veio para servir, e não para ser servido” (Mt 20,28).
           
Se em sua Segunda Vinda Cristo vier a ensinar-nos como amar-nos uns aos outros como Ele nos ama, então seu retorno e sua permanência em nosso meio terá valido a pena!

Padre Marcos Bach

Nenhum comentário:

Postar um comentário