terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A FÉ CRISTÃ É LIBERTADORA
           
Para o apóstolo Paulo como para o evangelista São João a fé cristã é o passo inicial de um conjunto de outros passos destinados todos eles à libertação do homem. É da essência da fé em Cristo ser libertadora. Ninguém entendeu isto melhor que o fariseu convertido, Paulo de Tarso.
        
Jesus não veio acrescentar mais leis a um povo já submerso num oceano de leis iníquas. Paulo entendeu isto. João, o evangelista, fez do seu Evangelho um Manifesto Libertário. No momento em que a Igreja começou a se transformar num centro de poder, tudo isso mudou. Quem tem poder quer exercê-lo. E aí tem início um tipo de relacionamento em que a liberdade não faz falta.
           
O caráter libertador da mensagem de Cristo faz com que o ato de fé cristã seja em sua essência uma declaração de independência do homem redimido em relação a tudo o que poderia ser classificado como forma de escravidão. Para um cristão só existe um único Senhor, Deus. Só dobra o joelho perante Ele. Exclui da sua relação com Deus a figura do ministro ou do intermediador. Para ele o único Mediador é Cristo. Quem pode contar com o amor incondicional de um Pai como Deus não necessita de padres e de santos padres.
           
O horizonte de liberdade com que a fé em Cristo nos compromete é ilimitado. Por isso deveria ser rejeitada como anticristã toda tentativa de pôr limites a esta liberdade.

Um cristão não tem motivo algum para ter medo da liberdade. Deveria saber discernir melhor que ninguém entre o que é abuso da liberdade e o que faz parte da nova liberdade inaugurada por Cristo!
           
O fato de a Igreja católica possuir o regime de governo mais absolutista e unipessoal do planeta, diz com clareza meridiana que seu futuro é o cemitério. Vamos precisar de muito mais liberdade e de muito menos leis se quisermos sobreviver às vicissitudes do Terceiro Milênio. O futuro da história não depende de pessoas que já sabem de antemão o que este futuro deve ou não pode abrigar. O futuro de uma pessoa verdadeiramente livre é sempre incerto e imprevisível. O futuro ideal de um burocrata é determinado pela lei da estabilidade.
           
O momento atual da história nos coloca a todos diante de um dilema: ou queremos para nós um futuro assegurado por medidas de seguridade social, ou vamos arriscar-nos a fazer do nosso futuro um jogo ainda mais arriscado do que o atual.

A ideia de que a fé em Cristo nos vai proporcionar certezas e seguranças que só ela nos pode dar provavelmente é tão ilusória quanto a fé de um marxista num futuro humano sem Deus.

Padre Marcos Bach

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