quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

COMO SAIR DO IMPÉRIO DA SUPERFICIALIDADE
           
Poucos de nós sabem o que é amor. Contentamo-nos com muito pouco! Agimos como o garimpeiro: ciscamos a superfície na ilusão de que abaixo dela não existe mais ouro que valha a pena trazer à tona.

Mais ricas do que as reservas de ouro do nosso planeta são as reservas de amor ocultas na alma de cada ser humano, pobre ou rico, bom ou mau, religioso ou não. Na verdade não passamos de “faiscadores” e de escaravelhos empenhados mais em explorar a superfície de nossas vidas e a casca de nossas personalidades!
           
Nossa civilização é recente e sempre se esmerou em cultivar de preferência valores de superfície. A fachada externa dos templos do progresso era vista e tratada com um carinho que o seu interior não podia contar! Superficial e de fachada: é isto o que é a nossa civilização, da qual tanto nos orgulhamos. Ela nasceu decadente e já teria desaparecido não fosse o alento adicional que o cristianismo lhe veio trazer.

A nossa é uma civilização caduca, além de condenada à extinção! E por quê? Porque se fixou na matéria, em vez de priorizar os valores do espírito. Porque priorizou a ânsia de ter, em lugar do ser! Porque ofereceu aos homens uma falsa segurança. “Deem-nos a sua liberdade e o seu tempo, e nós cuidamos da sua segurança!”.  “Desconfiem sempre de si mesmos e ponham toda a sua confiança em nós! Somos os acólitos do Grande Inquisidor! Conhecemos a natureza do homem melhor do que Cristo. Os homens não sabem o que fazer com a sua liberdade! Por isso nós tomamos conta dela! Ao privar os homens de sua liberdade, colocamo-los no único caminho capaz de levá-los a um futuro melhor!”.
           
É com discursos deste tipo que movimentos religiosos de impronta fundamentalista estão bombardeando as consciências de seus “fiéis”. A realização plena de cada indivíduo humano é o resultado de um ato interno de submissão a um poder externo. É esta a tese fundamental de todo sistema totalitário.
           
A tomada de distância em relação a todas as instituições que impedem as pessoas  que entrem em seu interior, que confiem em si mesmas e que se amem a si próprias, é pré-requisito e conditio sine qua non para todo aquele que deseja participar da grande aventura espiritual que está tendo início.
           
Uma boa hora de introspecção séria e crítica é suficiente para mostrar a alguém o quanto ele é um galé amarrado. Amarrado como o galé a bordo de um navio. Só pode movimentar-se dentro de um pequeno espaço determinado pelas necessidades da embarcação. Se esta “embarcação” se chama Estado, Partido ou Igreja, pouco importa. O importante é impedir que a tripulação assuma o comando do “navio”.

Padre Marcos Bach

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