quinta-feira, 3 de abril de 2014

O DESTINO DO SER HUMANO

Para encontrar o seu verdadeiro destino, o homem tem que encontrar-se, antes de tudo, consigo mesmo. “Gnosei ton autón”, dizia um dos ilustres sábios da antiga Grécia. “Nosce te ipsum”, diziam os romanos.

O seu Eu interior é o único mundo que um ser humano é capaz de conhecer de verdade. Conhecer significa tornar-se um com outro. Por isso conhecer  e amar são sinônimos. Isto significa que o conhecimento é uma forma de amor e o amor uma forma de conhecimento. Sem amor não há conhecimento verdadeiro e não é possível amar o que não se conhece.
           
A raiz do malogro a que o Iluminismo racionalista conduziu a humanidade está na sua falta de amor. O fracasso do Humanismo secular ele o deve ao mesmo vício congênito. Razão é inteligência mais sentimento. Ela não se destina apenas à produção de pensamentos e de raciocínios lógicos. Os planos superiores da mente humana possuem a faculdade de produzir outro tipo de conhecimento essencialmente superior a tudo que os sentidos e a razão discursiva são capazes de elaborar. Por ora, esta esfera da mente do homem só é explorada por místicos e poetas. A eles a humanidade deve o que de melhor a mente do homem produziu ao longo da história. A mente humana é infinitamente mais do que uma simples máquina. Máquinas funcionam ou não. Funcionam bem quando produzem o que delas se espera.
           
A história da Europa passou a entrar numa nova fase quando teve início a luta entre fé e razão. O progresso científico teve que enfrentar, desde o início, a resistência tenaz do estamento religioso cristão. Às fogueiras e patíbulos da Santa Inquisição cabia a função macabra de garantir que a pureza da fé cristã não fosse manchada por hereges e heresiarcas. O progresso tecnológico era visto com grande suspeita porque aumentava o poder criador do homem às custas da onipotência do Criador. Todo este progresso material e cultural de que hoje nos orgulhamos foi alcançado, em boa parte, sem as bênçãos das Igrejas.
           
Um cientista como Heisenberg, Einstein, Capra e Bohm são homens de fé. Todos eles acreditam na capacidade do homem de transformar o ambiente em que vive. Não há entre os melhores deles um só ateu, pois todos acreditam na presença ativa de uma Inteligência Suprema. A esta fé se poderia acrescentar outro artigo a mais: o de que o universo, que Deus criou, é dinâmico. Foi feito para crescer e se expandir!
           
Sagrado é, sob o ponto de vista cristão, todo ser humano, sem nenhuma distinção. É isto que se deve entender quando se toca no assunto dos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana. A Igreja católica está se empenhando em salvaguardar, juntamente com os demais Movimentos Humanitários, estes Direitos. No entanto, age de forma um bocado hipócrita, pois ela mesma, em seu foro interno, se esquece de praticar o que prega na televisão. Não só o cristianismo, mas as religiões em geral, só terão chances de participar do futuro da humanidade se nele entrarem dispostos a renunciar a todas as formas de desigualdade social. É no campo religioso, mais que em qualquer outro, que a desigualdade assume as mais virulentas formas de discriminação. Só não vê isto quem não quer.

Padre Marcos Bach

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