terça-feira, 9 de setembro de 2014

AS LIÇÕES DO AMOR

A loucura com que Cristo ama esta humanidade enlouquecida ainda não mereceu a honra de uma Encíclica papal.
           
Quem quer ser médico não pensa em inscrever-se logo de vereda numa Faculdade de Medicina. Passa a frequentar, antes de mais nada, o primeiro ano de um Curso Primário. Onde poderá encontrar uma “schola affectus” aquele que um dia pretende diplomar-se como adulto numa “schola affectus” de grau superior?

Onde vai aprender as primeiras lições de amor? Não é na família que o menino aprende a ser pai e a menina a ser mãe? As mais preciosas lições da vida ou se aprendem na primeira infância e no seio de uma família que mereça este nome, ou não se aprendem nunca mais. É no seio da vida familiar que homens e mulheres aprendem a se respeitar mutuamente e a se amar como irmãos.
           
O único pecado que cultura alguma deixa de condenar como imoral é o incesto. É no contato com a filha que um pai aprende como respeitar uma mulher. Quem não aprendeu na família que o desejo pode ser o pior inimigo do amor, poucas chances terá de aprender a lição em outra escola! É, portanto, pela revitalização da família que devemos começar.

É pela reforma do Ensino Primário que é preciso começar se quisermos um dia poder contar com Universidades de elevado padrão cultural e pedagógico. Não há Universidade capaz de substituir a família e de suprir suas deficiências de um sistema educacional basicamente falido.

Boa parte do conflito de gerações provém do fato de que cada geração nova vê o amor com outros olhos que a anterior. Está ficando cada vez mais claro que o futuro da humanidade é uma questão de amor! E se é uma questão de amor, é também uma questão de gosto. O santo que merecia ser canonizado é aquele que declarasse alto e bom som: “Amo porque gosto de amar! É o único prazer capaz de me seduzir a ponto de dar a própria vida por aqueles que amo”!
           
Se Jesus tivesse tido a oportunidade de pronunciar um discurso de despedida momentos antes de sua morte, talvez teria dito: “Morro feliz, porque morro amando”! Feliz o discípulo de Cristo que pode dizer o mesmo na hora de morrer!
           
Jesus amou indo até o extremo limite da capacidade humano-divina de amar! “Amou os seus até o fim” (Jo 13,1).
           
Somos capazes de conduzir uma guerra até o seu mais trágico fim, como aconteceu na II Guerra Mundial. Mas somos incapazes de conceder à lógica do amor e da solidariedade fraterna o mesmo direito.
           
Por ora só Deus se dispôs a amar a humanidade como todos poderíamos amar-nos se assim o quiséssemos! O que muita gente critica no jovem de hoje é sua alergia a compromissos. Tudo o que nós, adultos, definimos como compromisso não passou pelo crivo da consciência do mundo juvenil. Os jovens não são propensos a continuar prisioneiros do passado e a assumir compromissos que os obrigam a viver a vida de costas para o futuro!
           
Houve época em que era praticamente impossível imaginar sequer um futuro diferente do passado. Hoje temos conhecimento suficiente para desdobrar o futuro em uma variedade bem grande de mundos alternativos. Assim como a natureza nos oferece uma impressionante variedade de paisagens, umas tão diferentes das outras que nem parecem fazer parte do mesmo planeta, do mesmo modo a mente humana tem condições de criar uma paisagem cultural igualmente variada. O perigo metafísico que ronda as religiões monoteístas reside na sua incapacidade de integrar o princípio da variação em sua imagem de Deus. Um Deus que não muda nunca e que só possui um único rosto, não combina com um universo tão diversificado como o nosso. É bem curta a distância que separa um monoteísmo mal entendido de outras manifestações monistas como a monotonia, o monolitismo e a monarquia.

“Dia virá em que, depois de dominar os ventos, as marés e a gravidade, buscaremos em Deus as energias do amor, e nesse dia, pela segunda vez na história do mundo, o homem terá descoberto o fogo” (Teilhard de Chardin).

Padre Marcos Bach

Nenhum comentário:

Postar um comentário