segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

COMO DESCOBRIR QUE DEUS É AMOR

Do Pai divino do qual Jesus fala com tanto carinho, Ele mesmo diz: “O Pai vos ama” (Jo 16,27).

Não é no terreno do saber e do poder que devemos procurar a novidade contida na mensagem de Jesus, mas no terreno do amor! Até o dia em que Jesus veio para nos falar de Deus não havia religião que não apresentasse Deus como Senhor exigente e distante! São de Jesus estas palavras: “Se alguém me ama, Eu e o Pai viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14,23).
           
“O Criador do universo veio morar entre nós”! Não só no meio de nós como transeunte em nossos caminhos, mas como inquilino de nossas almas!
           
O que Jesus nos veio revelar é tão incrivelmente absurdo que ainda hoje, passados dois mil anos, são muito poucos os que “têm ouvidos para ouvir” (Mt 11,15). Absurda é a vida dos que passam por ela sem ver nem ouvir o essencial. São surdos e cegos por culpa própria.
           
Para descobrir que Deus é Amor não é preciso abrir a Bíblia. Esta é uma verdade inscrita em tudo o que nos cerca! O Amor do Pai Celeste é tão simples e cristalino quanto o riso de uma criança! Para descobri-lo é indispensável voltar a ser criança. “Se não vos tornardes como as crianças de modo algum entrareis no Reino de Deus” (Mt 18,3).
           
O que o amor de amizade tem em comum com o Amor de Deus e o amor de uma criança é que não é necessário merecê-lo. Ele surge quando menos se espera. É discreto, pois não é dado a efusões românticas, nem é do seu feitio fazer discursos. O Amor de Deus é tão simples e humilde, tão desataviado e sem floreios porque é extremamente parecido com o de uma criança.
           
São as crianças que mais perto se encontram da fonte originária de todo o amor humano que é o Amor do Pai Celeste. Seu amor não é regulado por leis, nem impõe limites. É amor puro porque é totalmente gratuito! Não necessita do prazer como condimento, nem da felicidade como recompensa!  Tanto na vida de uma criança como na de Deus, amor e felicidade são inseparáveis. Em ambos os casos o Amor traz em si a sua razão de ser.
           
É no amor de amizade que estas prerrogativas do amor se manifestam num grau de pureza que as demais formas de amor não possuem!
           
Será que não é o amor materno o que mais se parece com o Amor de Deus?  Não são as mães as que melhor encarnam o amor em toda a sua pureza? Se amigo é aquele que não hesita em dar a sua vida em benefício da do amigo, por que não atribuímos ao amor materno as virtudes que acabei de conferir ao amor infantil? Não é o amor da mãe por seus filhos muito mais generoso e adulto que o de uma criança?
           
Não vale no terreno do amor o princípio da generosidade segundo o qual “ama mais aquele que dá mais”. Neste terreno a medida é a confiança e não a generosidade.
           
A criança confia cegamente na sinceridade dos adultos porque ela mesma é totalmente sincera. Por isso seu amor é total. Total e radical! Quando ama empenha neste seu gesto a totalidade da sua capacidade de amar! Seu amor é sempre grande a seus olhos, enquanto o amor das pessoas grandes não costuma ter em suas vidas a importância que uma criança costuma atribuir a suas pequenas conquistas amorosas!
           
Quando o papa Pio XI canonizou a Teresinha de Lisieux não faltou quem exclamasse: “mas o que ela fez para merecer a honra dos altares”?
           
O papa João Paulo II completou o “escândalo” quando proclamou Teresinha de Lisieux, uma freirinha que nunca pusera pé numa Universidade, Doutora da Igreja.
           
No Reino de Deus a lei é esta: “Quem quer ser o maior faça-se o menor de todos” (Lc 22,26). São as crianças que carregam em seus ombros o futuro do Reino de Deus. Logo são elas as responsáveis pelo futuro da Igreja de Cristo!
           
Ser criança no sentido que Jesus atribui à metáfora, significa não trair a sua origem divina, esquecendo a sua filiação divina! Verdadeiramente adulto é o filho grande que ainda aceita o convite de sentar-se no colo do pai! Já se viu: um marmanjão sentado no colo do Pai? “Se não vos tornardes como as crianças, de modo nenhum entrareis no Reino de Deus” (Mt 18,3).

Padre Marcos Bach

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