sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

EM BUSCA DA BÚSSOLA INTERIOR

O navegante não se perde na imensidão de um oceano sem limites nem estradas porque possui a bússola, um instrumento que lhe diz se ainda está indo no rumo certo. A bússola não lhe diz se está indo por águas profundas ou rasas. Se quiser verificar a profundidade das águas por onde passa terá que recorrer a outro instrumento que é o Sonar.
        
O interior de uma pessoa humana possui uma dimensão de profundidade que a esmagadora maioria das pessoas desconhece por completo. Morrem ou chegam ao término da sua peregrinação terrestre sem terem a menor ideia dos tesouros escondidos no subsolo do seu inconsciente. Em termos de navegação só conhecem a de cabotagem. Em termos de conhecimento psicológico só conhecem as águas rasas do seu pequeno e acanhado eu pessoal. Morrem sem terem tido a ventura de se descobrirem a si próprios.
        
Quantos são os que em vida se preocupam seriamente com autoconhecimento. Santo Agostinho escreveu: “conheça-me eu a mim para poder conhecer-te melhor a Ti, meu Deus”!
        
O autoconhecimento faz parte das exigências da fé cristã. É, portanto, mais do que simples luxo psicológico. É também mais do que mera exigência moral. É uma exigência espiritual e religosa. Santo Agostinho deixou claro: “não pode conhecer a Deus quem não se conhece a si mesmo”.
        
A psicossíntese, tal como a descreve Roberto Assagioli, é um processo complexo em que a vontade livre do homem anda de mãos juntas com a atividade da psique. Boa parte do que acontece pode ser registrado como resultado da ação do supraconsciente. O eu responsável por tudo não é o eu pessoal, mas o Eu Superior, ou Eu Transpessoal.
        
Assagioli divide em três as áreas de atuação do processo de psicossíntese:
1)   A psicossíntese pessoal consiste em pôr ordem em seu próprio interior.
2)   A psicossíntese social se ocupa de fazer o mesmo no campo do relacionamento com outras pessoas.
3)   A psicossíntese espiritual tem por objetivo organizar de forma positiva a relação espiritual.

Por dimensão espiritual deve-se entender tudo o que no homem não tem relação com sua origem e seu passado biológico. Tudo o que uma pessoa deve à sua origem animal pode ser considerado como não espiritual. O processo evolutivo humano impele a espécie, a seus representantes a um tipo de crescimento que o animal não conhece. Este processo se encontra pré-programado na consciência de cada indivíduo. O que se dá com a maioria das pessoa é que esta programação permanece intata e indecifrada a vida toda. Elas morrem sem ter tido sequer uma ideia das potencialidades intocadas da sua consciência total.

Repugna à razão humana admitir que as oportunidades desta vida terrena são as únicas que o Criador põe à disposição de suas criaturas. No plano de Deus, tal como Jesus o veio revelar, falta de oportunidade e chance de refazer o que foi mal feito, não é problema.

Padre Marcos Bach

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