quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O SER HUMANO É O QUE AINDA...

O homem é o único ser cuja parte mais significativa é feita de promessa e de esperança. Isto quer dizer que ele é acima de tudo o que ainda não é. É a este aspecto do seu ser e de sua consciência que se deve associar o fenômeno da “angústia existencial”, que, portanto, é mais do que um simples chavão da moda.

Podia-se definir o homem como sendo em sua essência não uma criatura de Deus, mas um eleito de Deus, um ser vocacionado. Um ser escatológico, peregrino na terra em que vive.

O “sonho” da larva é a borboleta, mas a borboleta é mais que simples sonho; é a parte melhor da larva.

O homem não é, pois, tanto o que já pode definir, registrar e arquivar, quanto o que se esconde no seio de sua esperança.

Se a medida que vier a dar-se a si mesmo é curta e mesquinha, a culpa é exclusivamente sua.

Para uma pessoa de consciência adulta a parcela patrimonial da realidade (tradição-propriedade-ritual-status) representa a parte “negociável do patrimônio moral. A única parcela que não é negociável é a que está contida na “esperança” escatológica, pois é a parte verdadeiramente essencial. O homem de “espírito conservador” tende por força de hábito a trair o futuro, isto é, a melhor parte do homem, procurando assegurar como definitivas conquistas geralmente mais suspeitas e duvidosas que legítimas.

Onde o futuro costuma gerar mais medo que entusiasmo, está havendo muito pouca fé no homem, precisamente no que nele há de mais promissor. Fidelidade é uma questão ligada às promessas do futuro, mais que às conquistas do passado.

Aquilo que ainda falta ao homem para ser completo e que constitui o objeto da esperança, já lhe pertence em certo sentido e faz parte do seu ser. O futuro da esperança não é mero futuro ou devir, mas já é presente, embora esta presença só tenha uma vaga semelhança com a posse plena.

Cada pessoa já é, em sentido lato, o que tem a intenção sincera de ser. Só virá a ser e a realizar aquilo que quer. E aquilo que está inscrito na intencionalidade profunda do se ser. É nos movimentos poderosos do subconsciente e da metaconsciência que o destino do homem é definido.

Padre Marcos Bach

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