quarta-feira, 4 de março de 2015

A CRÍTICA MORAL DA CONSCIÊNCIA

Também o exercício da crítica moral é papel reservado à consciência. Esta crítica se restringe ao plano pessoal.

Em relação ao comportamento moral de outra pessoa não existe a menor possibilidade de fazer um julgamento justo. Cristo deixou isto bem claro. (“Não julgueis e não sereis julgados”.) O máximo de objetividade a que podemos chegar é a constatação da inadequação entre a intenção propalada e a ação concreta.

Mas em relação a nosso próprio desempenho moral temos condições de atingir patamares próximos da objetividade total. Isto é possível devido ao fato de que o bem moral é idêntico ao movimento tendencial profundo da consciência. Ser bom é, consequentemente, ser fiel, radicalmente fiel, à voz interpeladora da própria consciência.

Por isto a única crítica moral honesta e produtiva é a autocrítica, tendo a consciência como árbitro e instância última. Não a consciência solitária, socialmente descomprometida, desengajada e refugiada num mundo de fantasia, como se a realidade social não fosse mais que um acidente incômodo, ou um canteiro de “matéria-prima”.

A peculiaridade de crítica moral é a parcialidade imparcial de seus juízos. É a favor da pessoa, contra o indivíduo e a sociedade. É a favor do sujeito contra todas as máquinas e estruturas, que querem reduzi-lo a peça e objeto.

Está sempre do lado da liberdade contra a irresponsabilidade e a tirania.
Rejeita o “senhor”, que se julga superior a ela.
Rejeita o “pai” que impede o filho de se tornar adulto.
Rejeita o manipulador de informações, que filtra, escamoteia e ajeita a verdade de acordo com premissas e suposições alheias à consciência.

A consciência julga com serenidade e amor, com clareza e objetividade total. Mas na prática só podemos contar com uma consciência contaminada pelo medo, pela obsessão, pela covardia e por mil e um “complexos” do mesmo nível. Por isso é que é preciso incluir a libertação da consciência entre as prioridades da Teologia da Libertação, a única teologia digna de ser levada a sério.                    Padre Marcos Bach

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