quarta-feira, 18 de março de 2015

RISCOS PARA A MATURIDADE MORAL NA ADOLESCÊNCIA

Poucos escapam do massacre moral movido à consciência infantil. Mesmo estes poucos ainda enfrentam uma série de riscos, a que os expõe a adolescência. Nesta idade a autoafirmação toma a forma violenta e agressiva do protesto e da contestação. A maioria dos adolescentes não sabe aonde dirigir sua agressividade nem o que fazer com a sua liberdade conquistada.

Mais confusa, perplexa e contraditória que a do adolescente é a atitude dos adultos. Quantos dentre pais e filhos em situação de choque e de conflito sabem que a adolescência é a idade em que a consciência passa por um processo amplo e profundo de reestruturação? Pois é na adolescência, em meio ao fragor dos protestos, que se dá a passagem da “consciência socializada” infantil para a “consciência cerebral”.

A “consciência socializada” torna a criança capaz de se adaptar ao ambiente social em que vive. A “consciência cerebral” dá ao adolescente a capacidade de organizar de maneira racional e realista a sua existência. Significa a passagem da heteronomia para a autonomia, da submissão para a participação, da competição para a colaboração, da possessividade egoísta para a oblatividade e a doação de si.

A adolescência é uma época e um tempo extremamente fecundo e rico em potencialidades de afirmação e desenvolvimento da personalidade moral.

O adolescente é alguém que se põe a romper os quadros psicossociais da consciência socializada, em procura de uma identidade própria, individual e original. Não se choca apenas com o ambiente social em que vive, mas entra em conflito consigo mesmo. “Quem sou eu realmente?” O conflito interno desenrola-se em seu íntimo mais pessoal. Possui as proporções de uma verdadeira “guerra”, tendo como palco a consciência. Toda a “crise de identidade” significa, antes de tudo, um problema na área psicomoral, e só constitui um problema social em sociedades que se defrontam com o desafio da transformação.

A crise de identidade do adolescente não é apenas uma “febre” qualquer. É um “distúrbio central” (Erikson), que atinge em seu âmago tanto o indivíduo como a sociedade em que vive.

Sendo a identidade antes um processo que um “estado”, não se pode concebê-la como grandeza acabada, mas é necessário associá-la ao mundo das realidades inacabadas, provisórias e relativas. O processo só é positivo onde a identidade é sentida como “realidade em expansão”.

Toda experiência de identidade é, por conseguinte, um ato de esperança.

Padre Marcos Bach.

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