segunda-feira, 6 de abril de 2015

JESUS CRISTO EM NÓS E NO MEIO DE NÓS

Pode um católico rebelar-se contra uma forma de paralisar as consciências?

Há um modo de furar este bloqueio moral. Ele consiste em entrar em contato direto com o Cristo Interior. Onde encontrá-lo? O próprio Jesus deu a resposta a esta pergunta: “Se alguém crê em mim e me ama, eu e o Pai viremos a ele e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,23).

Parece estapafúrdia a ideia de que Cristo em vez de subir aos céus preferiu continuar a morar no meio dos homens, mas é do próprio Jesus a afirmação: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). Para entabular o diálogo consigo mesmo e com seu Cristo Interior não é preciso rebelar-se e entrar em conflito com as autoridades constituídas.

Basta ir onde Cristo se encontra. Enquanto as grandes catedrais e basílicas estão a caminho de se tornarem museus, uma geração nova de pessoas está despontando no horizonte social. Seu número ainda é pequeno, mas seu poder de fermentação social é imenso!
        
O que torna difícil a fé nesta tão misteriosa presença de Cristo na alma humana é a tremenda miserabilidade da condição humana. Porque condicionamos a presença de Cristo no interior do homem a um elevadíssimo nível de consciência criamos um obstáculo quase intransponível à fé nesta presença tão íntima de Deus na alma humana.

Admitimos que uns poucos privilegiados como Teresa d’Ávila tenham atingido tal nível de intimidade com Deus. Mas repugna-nos a ideia de que monstros desumanos como Stalin, Hitler ou Mao Tsé-Tung tenham possuído em seu íntimo este que Khalil Gibran chama de Eu Divino. O conceito que temos da natureza humana não nos permite tamanho arroubo de otimismo. No entanto, se não nos convertermos a uma visão mais generosa do amor divino não estaremos em condições de acompanhar o pensamento de Deus.

Freud ensarilhou as armas muito cedo. Ele mesmo foi mais lúcido que muitos dos seus seguidores. Soube que havia muito mais à espera da curiosidade humana do que o pouco que ele tinha conseguido desvendar. Além do ego, superego, existe todo um universo no interior de cada pessoa, o universo de hiperconsciência.

O verdadeiro eu de uma pessoa fica além da compreensão humana. Se podemos admitir que o cosmos é um mistério (Einstein), com muito mais razão podemos definir a interioridade do homem como um poço inesgotável de surpresas.

Padre Marcos Bach

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