quarta-feira, 15 de abril de 2015

PROCURANDO O ESSENCIAL

Lá pelos anos de 1950 o termo “angústia existencial” entrou na moda. A existência humana é um rosário de absurdos. É tempo perdido oferecer a um homem a felicidade com que sonha em seu íntimo. Dê-lhe tudo o que pede e ainda te acusará de lhe ter dado tudo, menos o essencial. O que é este essencial sem o qual homem algum se dá por satisfeito?
        
Para ter uma noção do que é essencial para manter a boa saúde de um corpo, é necessária uma mesa farta e bem posta. É experimentando um prato depois do outro que será possível descobrir o alimento que melhor condiz com as exigências e as necessidades do meu corpo. O mesmo deveria valer também para as necessidades espirituais do homem. É neste campo que a abundância de mestres, de receitas e de pratos é maior atualmente e mais variada do que em outra época qualquer da história.
        
Pastores, amigos do redil, da invernada e do brete são os que menos simpatizam com a realidade nova para a qual começa a despertar um número cada vez maior de cristãos. Quem quer acordar no sentido que Jesus deu a este passo deve ter consciência de que passará a complicar-se, antes de mais nada, com a sua própria Igreja. Igreja nenhuma está preparada para aceitar como ortodoxas atitudes que exigem de seus crentes a renúncia a toda uma tradição baseada na lei da inércia.
        
Entregar a salvação da sua alma a homens que só conseguem expressar o Amor de Deus na linguagem da Lei e do Dogma é muito mais arriscado e imprudente do que fazer da sua fé em Cristo um ato de absoluta confiança e entrega pessoal ao amor de Cristo. Um cristão deveria ser o primeiro a ensinar a seus irmãos que o caminho da salvação é simples e não depende da intermediação de “pistolões”.
        
O caminho que conduz do terceiro para o quarto nível de consciência em nada se parece com o que um caminhoneiro costuma encontrar pela frente. Lá uma rodovia é igual à outra. No campo do progresso espiritual tudo é diferente. Lá o “motorista” se vê, a certa altura, na obrigação de mudar de estrada. E de mudar de velocidade! Numa boa autoestrada a velocidade mínima deixa de ser a mesma de um caminho de roça.
        
Numa Autobahn alemã a velocidade máxima preocupa menos do que a velocidade mínima. Nelas, quem anda mais depressa terá menos complicações com a polícia rodoviária do que aquele que anda devagar, convencido de que esta é a melhor maneira de evitar acidentes. O mundo oposto ao da tartaruga é o dos Airton Sena. Para eles o futuro da humanidade é uma questão de velocidade. Leva a medalha aquele que em menos tempo conseguiu avançar mais! É este o mundo do qual irá depender cada vez mais a felicidade futura e o sucesso histórico da humanidade.
        
É possível que a geração atual não se tenha dado conta de que o homem foi feito para voar. A nossa civilização não seria a primeira a desaparecer por não ter descoberto a tempo o momento exato em que deveria decolar e pôr-se a voar. Voar, no sentido espiritual.
        
Temos ainda algum tempo para descobrir que somos seres espirituais. Somos muito mais do que animais dotados de espírito. Somos espíritos encarnados, isto é, dotados de corpo, como os animais, nossos “irmãos”, mas nossos parentes mais próximos não são o chimpanzé ou o gorila, mas os “anjos do céu”, como são chamados na Bíblia. Deles diz a Bíblia que se encontram muito mais próximos do trono do altíssimo do que nós. A arte cristã os dotou de asas e na Bíblia são descritos como “Mensageiros de Deus”. Formam uma família espiritual à parte e constituem um elo de ligação entre o mundo dos homens e Deus.

Padre Marcos Bach 

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