quarta-feira, 6 de maio de 2015

QUE O ESPÍRITO SANTO NOS ANIME

Santo é tudo o que saiu da Mente do Criador e é Obra do seu Amor. Santo é o Universo todo. E o cristão que por sua fé em Cristo e por seu modo de ser vive em sintonia com este Universo redimido por Cristo, não nega este Cosmo tão maravilhoso nem finge não precisar dele, mas o abraça e o envolve no mesmo ato de adoração com que se abandona a seu Criador. Procede como Francisco de Assis e como Teilhard de Chardin.
        
Se “a essência da matéria é espiritual”, como queria Einstein, e se Cristo é realmente o Redentor do Mundo, então o mundo do qual Jesus nos veio libertar não pode ser o Universo Material. O mundo inimigo do homem espiritual não é o belo Universo criado por Deus. Só pode ser o pobre e miserável mundo do pecado, da cupidez e da absoluta falta de amor criado por homens e mulheres mancomunados com o “espírito das trevas” e com o “pai da mentira”.
        
Inimigo do futuro espiritual da humanidade não é a Galáxia que viaja lá no alto em direção ao infinito. Átomos e elétrons são amigos do homem. Que seria de nós, mortais, não fossem as bactérias? O espírito do homem tem o poder de influir positiva e/ou negativamente em grau muito maior do que ousávamos admitir antes que a Mecânica Quântica nos chamasse a atenção para a dimensão espiritual da matéria.
        
“O Universo material está à espera do homem”, dizia Paulo. Mais precisamente “à espera de ser por ele liberto” de um estágio evolutivo superado e necessitado de ser substituído por outro. O tempo em que a boa ordem social parecia depender basicamente da presença vigorosa de homens poderosos, já passou! Quanto mais poderoso o monarca e quanto mais elevado acima do comum dos mortais, tanto mais feliz o povo que tiver a “honra” de poder obedecer-lhe! Esta crença no poder mágico do poder absoluto começou a ceder lugar à outra crença, a fé no poder mágico do conhecimento.
        
No final do século XVIII já era crença universalmente aceita no Ocidente de que o Universo é uma grande “Máquina”, semelhante a um “relógio” na opinião do filósofo Leibniz. Um relógio é fácil de conhecer: é só decompô-lo em suas partes!
        
O conhecimento científico parecia ter atingido seu ponto culminante com Newton e Descartes. Finalmente começara a se fazer “luz” no fundo do túnel do conhecimento humano. A época do Iluminismo foi festejada como o triunfo da razão sobre o obscurantismo medieval. Tudo parecia tranquilo, tanto assim que Augusto Comte, pai intelectual do Positivismo, declarou o pensamento científico como a única modalidade legítima de saber. Transferiu o campo da fé religiosa da competência do teólogo para a do pesquisador científico. Tudo parecia tranquilo até que em 1900 o físico alemão Max Planck lançou a base do que 25 anos mais tarde seria conhecido como Teoria Quântica. Mas já em 1905 Einstein lançara a Teoria da Relatividade. Foi o bastante para desarrumar de vez o belo edifício erguido séculos antes por Newton e Descartes.
        
Por algum tempo Einstein alimentou a crença de que o Universo era compreensível e que era possível captar este conhecimento em teorias e em fórmulas matemáticas. Perto do fim da sua vida chegou à conclusão de que isto não era possível. Admitiu que o Universo é em sua essência um Mistério e que a nós não cabe compreendê-lo, mas admirá-lo e deixar que nos fascine por sua beleza.
        
A Ciência não fracassou. Apenas chegou a um ponto crítico. Os mais destacados cientistas da atualidade já perceberam que não se pode continuar a fazer ciência como se fazia cem anos atrás.
        
A religião e seus sistemas de Fé fariam bem se admitissem que já não é mais honesto falar de Deus, do homem e do sentido da história humana com a desenvoltura narcisista de quem se julga intérprete de um saber para além do qual não há mais nada que valha a pena ser sabido. Num ambiente religioso o que está fazendo grande falta é um pouco mais de modéstia e humildade intelectual!
        
O fim da era medieval ocorreu quando teve início a “Era da Razão”. Coincidiu com a crença de que o futuro da humanidade podia ser planejado e programado. É próprio do pensamento racionalista a crença de que cabe ao homem programar o seu próprio futuro. Os mais radicais, como Marx e Nietzsche, insistiam na tese de que tal empreitada não seria viável enquanto o homem não se declarasse “senhor absoluto” da sua história.
        
Para que este estágio pudesse ser atingido, era preciso afastar do caminho da humanidade Deus e tudo o que tivesse relação com o passado religioso da humanidade.
        
Quem lê Marx fica com a impressão de que a razão tem o poder de substituir a Deus. O homem “marxista” é alguém que não precisa de Deus. Seu maior feito foi “matar Deus”, como diria Nietzsche.
        
O fracasso do pensamento racionalista é visível e palpável. A razão é um belo presente do Criador, mas sua utilidade é restrita e limitada. Saber prever e medir antecipadamente as consequências de nossos atos e decisões não é tudo o que nossa mente é capaz de nos oferecer! Mas se todos tomassem o cuidado de não fazer o que previsivelmente só vai gerar mais problemas em lugar de resolver os que pretendemos resolver, israelenses e palestinos já teriam feito as pazes há muito tempo!
        
A razão não falhou. Foi a crença nos poderes mágicos da razão que falhou. Santo Tomás define a “lei” como “ordinatio rationis” dando a entender que ela é apenas um meio a serviço da ordem social, e não um fim em si. A racionalidade descamba para a irracionalidade no momento em que o que é meio passa a ser tratado como fim. Quando isto se torna regra, uma civilização dá sinais de que seu fim está próximo!

Padre Marcos Bach

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