quarta-feira, 13 de maio de 2015

QUE O ESPÍRITO SANTO NOS ASSISTA

A jornada espiritual de uma alma em demanda do seu habitat definitivo é precedida de muitos preparativos, mas a viagem propriamente dita só tem início a partir de certo momento: é quando o “avião” está pronto para decolar!

Cada passageiro em sua poltrona, a despensa bem fornida de “provisões de boca” e os tanques abarrotados de combustível: verificado tudo isto, o piloto pede autorização para levantar voo! Dá para voar sem passageiros e sem “munição de boca”. O que não dá é voar sem combustível.
        
O combustível que impulsiona uma alma em sua jornada espiritual rumo ao infinito e ao desconhecido é o Amor de Deus. É Deus que fornece à alma o combustível de que ela necessita. Todos os místicos cristãos são unânimes neste ponto: “a santidade é obra exclusiva de Deus”!

Ninguém se torna santo, como Deus é santo, por mérito próprio! O máximo que a alma pode fazer por conta própria é abandonar-se inteiramente e sem resistências ao “fogo do Amor Divino”. Nenhum autor descreveu todo este processo tão bem quanto São João da Cruz.
        
O processo de santificação da alma começa no momento em que alguém, inspirado pelo Espírito de Deus, toma a decisão de se confiar totalmente ao Amor do seu Deus! De esperar só dele o que até então esperara de si e de outros. Esta decisão equivale a uma sentença de morte e a uma capitulação incondicional do Eu em benefício do Self. Representa o início de uma jornada em direção ao seu próprio interior.

O verdadeiramente santo é alguém que se conhece melhor que ninguém, pois aprendeu a arte de se “ver como Deus o vê”. Quem se abandona de todo ao Amor Divino acaba vendo tudo com “os olhos de Deus”: vê as coisas todas em sua verdadeira dimensão! Não despreza o verme que rasteja a seus pés! O santo é alguém que valoriza tudo e não despreza nada. Consegue ver grandeza e beleza onde outros só veem baixeza!
        
O primeiro passo que Paulo deu após a conversão foi “cair do cavalo”. Logo em seguida “ficou cego” até o dia em que lhe vieram a cair dos olhos as “escamas” que o impediam de ver as coisas como Cristo as via!

Nos tratados de espiritualidade a jornada espiritual é dividida em três vias: a via purgativa; a via iluminativa; e a via unitiva. Em síntese: o candidato à vida perfeita deve passar por um processo preliminar de “purificação”. Tudo o que o impede de refletir com perfeição a imagem de Deus deve ser eliminado.
        
Paralelo a este um segundo processo tem início: o da “iluminação”, como o chamam os místicos.

Um último passo é dado quando a alma começa a trilhar a chamada “via unitiva”.
        
Desintoxicar a mente, o espírito e a alma, descarregar lastro inútil, livrar-se de dependências viciosas e de toda e qualquer espécie de medo: eis a primeira tarefa que aguarda o candidato à perfeição cristã.
        
Muitos principiantes desistem já no meio do primeiro estágio, pois ele exige paciência, perseverança, honestidade fora do comum e muita humildade. Hábitos adquiridos ao longo de anos são pertinazes e não cedem facilmente.        

Nos Evangelhos aparecem os fariseus como mestres consumados na arte de fingir e de ostentar como virtude o que na realidade nada mais era do que vício camuflado, vaidade e orgulho disfarçado.
        
O diabo, diz Santo Inácio, é especialista na arte de imitar Deus. Suas “luzes” são traiçoeiras, pois ofuscam em lugar de mostrar o caminho!

Padre Marcos Bach

Nenhum comentário:

Postar um comentário