quinta-feira, 4 de junho de 2015

                          MÍSTICA DA EUCARISTIA

               “E como amou os seus, amou-os até o fim” (Jo 13,1).

Depois que Jesus Cristo lavou os pés dos seus discípulos, tomou o pão, partiu-o e deu-o para que fosse partilhado, dizendo: “Tomai e comei todos vós, este é o meu corpo que será entregue por vós”. “Do mesmo modo, no fim da Ceia, tomou o cálice com vinho em suas mãos e disse: Tomai e bebei todos vós, este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos em remissão dos pecados. Fazei isto para celebrar a minha memória”.

Pergunto: o que tem a ver estes gestos de Jesus com o dar uma hóstia branca na boca de uma pessoa? Não foi um gesto de irmanação de todos os presentes este partir e partilhar o pão e o vinho, tornando-os símbolos do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, o “Pão Vivo descido do céu?”, sua Pessoa presente em “espírito e vida”?  “Fazei isto em minha memória”  não evoca postura de relacionamento, gestos de fraternidade, de participação e de amor?

Dar a hóstia na boca da pessoa bem pode representar um gesto que evoca submissão e minoridade. É um gesto de quem se coloca acima de todos e todas e decreta o que é verdade, o que deve ser obedecido.

Não se coloca de igual para igual como o fez Jesus lavando os pés de seus seguidores;

Não convida a quem pretende distribuir o “Pão Vivo descido do céu” para sentar-se ao redor de uma mesa para partilhar deste Pão.

Jesus partiu o pão e o distribuiu. Apenas deu-o na boca de Judas, o traidor.

Receber o pão na boca é declarar incapacidade de distinguir quem é quem;

É ser passivo sem a menor ideia do que representa ser participante de uma Comunidade Cristã;

É trair Jesus e seu projeto de vida para todos e todas em abundância, conquistado pelas pessoas que atuam numa comunidade e se relacionam nela com total doação, desprendimento e amor!

Dar a hóstia na boca de alguém é submetê-lo a ser inferior, a receber tudo pronto e a não precisar fazer esforço em conjunto para conquistar os bens que nos esperam e nos fazem viver melhor.

Por que é tão dramática a falta de pão na mesa de alguém? É porque o pão nosso de cada dia em cima de nossas mesas alimenta também o nosso espírito.  A Eucaristia é plena e completa se incluir o pão nas nossas mesas!

Os primeiros cristãos se reuniam e tomavam as refeições em comum. Celebravam, desta forma, o partir e o partilhar do pão em memória de Jesus, a Eucaristia (Atos 2,42...). Será que o mesmo não podemos começar a fazer em nossas famílias, em nossas pequenas comunidades para nos lembrar da importância do alimento para nossa vida, para nossas almas, para nosso espírito? Numa época de inversão de valores, onde cultuamos o automóvel e a indústria de combustíveis em detrimento dos alimentos, não é oportuno lembrar o pão como alimento humano e espiritual indispensável?

 Que o partir e o partilhar do Pão da Eucaristia nos lembre a falta de pão na mesa de muitos de nossos irmãos e irmãs e nos leve a sermos solidários com aqueles e aquelas que não dispõem do pão de cada dia! 

Padre Marcos Bach

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