quarta-feira, 21 de outubro de 2015


GÊNESE DE UMA HIPERCONSCIÊNCIA HUMANA


A Internet é um sistema destinado a tornar acessível a um número maior de usuários as informações contidas em computadores espalhados por toda a face do nosso planeta. Progresso no campo da informática só acontece quando se passa da informação para o da comunicação. O conhecimento só cresce na medida em que seu conteúdo, sua software, começa a circular por um número crescente de mentes individuais, passando a fazer parte de um número cada vez maior de consciências pessoais. O fato de estarmos assistindo a um fenômeno auspicioso que é o da divulgação científica faz com que estejamos envolvidos num processo altamente positivo que muito bem se poderia identificar como gênese de uma hiperconsciência humana.

De que adianta criar hipercomputadores enquanto não tivermos a hiperconsciência, sem a qual o mais sofisticado sistema cibernético não será mais do que um belo brinquedo inútil, na melhor das hipóteses.

A tecnologia é determinada por dois princípios muito simples: o da simplicidade e o da autonomia. Em tecnologia tamanho não é documento. Quanto menor, tanto melhor! Os primeiros computadores eram do tamanho de uma sala! Mas a nave espacial planejada para a tarefa de explorar as luas de Júpiter não irá pesar mais que um quilograma.

Tudo o que você procura numa galáxia pode encontrá-lo no interior de um átomo! Para ser avançado, um artefato tecnológico tem que ser pequeno e leve. Mas isto não basta: tem que ser ágil e capaz de se governar por si. Deve ser autônomo, capaz de consertar por iniciativa própria eventuais defeitos e, se possível, ser capaz de se autoabastecer. Tudo isto um bom explorador espacial deve ser capaz de fazer se quiser que alguém pense em fabricá-lo!

De momento nos preocupamos quase que exclusivamente com aspectos que no campo da computação recebem o nome de hardware. Estamos ainda mais preocupados com o meio de transporte do que com a carga. Por ora o envelope ainda preocupa mais que o conteúdo da carta!

Queremos conhecer Marte, mas sem a preocupação de nos dar a conhecer! Os homens que financiam e dirigem a aventura espacial estão mais interessados no retorno do empreendimento do que em acréscimo de conhecimento. No entanto, o importante mesmo é o conhecimento!

O universo todo foi feito para ser conhecido pelo homem. É uma verdade que deixou a Einstein estupefato. Há uma grande diferença entre conhecer uma pessoa ou coisa com a inteligência e/ou com o coração. Cientistas e filósofos sempre quiseram entender ou compreender o objeto de seus estudos. Mas hoje são poucos os que não concordam com Einstein, para quem “o cosmos é um grande mistério” (a expressão é dele). É inútil tentar colocá-lo dentro da inteligência do homem!

Nós, humanos, temos a presunção de que nossa inteligência é o máximo que a mãe natureza conseguiu produzir. Se fôssemos mais humildes teríamos descoberto, há muito, que nossa inteligência está para a totalidade da noosfera como o vulcão está para a totalidade das energias acumuladas no interior da terra. Somos bolhas, bolhas de consciência e de saber, destinadas à união com outras bolhas, formando com elas um organismo noológico mais abrangente e poderoso do que o conjunto anteriormente distinto e separado.

“A união faz a força”. Todo conhecimento individual é parcial, imperfeito e incompleto. O nosso Astro-Rei descobriu, há bilhões de anos, o segredo da fusão nuclear!

A fusão nuclear não obedece a nenhum princípio hierárquico. O átomo de hidrogênio que se funde com outro não é melhor do que este. Átomos de hidrogênio não competem entre si para saber quem é o melhor. Também é inútil querer descobrir de quem foi a iniciativa. Neste contexto não existe diferença entre o que dá e o que recebe.

Ao definir o amor como ato de fusão, estamos-lhe reconhecendo uma função de natureza cósmica. Pelo amor nos tornamos irmãos do sol, da lua e de tudo o que existe, palpita e vive neste universo sem fim! Através da fusão dois átomos de hidrogênio se transformam num átomo de hélio. De modo análogo, quando duas pessoas se unem pelo amor, cada uma renuncia à sua personalidade individual e passa a fazer parte de uma unidade superior de natureza transpessoal. O termo transpessoal é empregado hoje por psicólogos como Assagioli, para designar o espaço psíquico gerado pela fusão amorosa.

Onde quer que ocorra crescimento, o amor está presente. Qualquer processo evolutivo pode ser definido como ato e manifestação de amor! “O amor é uma energia cósmica”. Quem o afirma é o físico atômico David Bohm. É a mais poderosa de todas. O amor liberta a quem ama, e devolve amor com amor, porque ele mesmo é livre. Não está preso a determinismos, nem sujeito a regras. É soberano: “julga tudo e por ninguém é julgado”, como diz o apóstolo Paulo (I Cor 2,15).

Impor regras a quem ama é uma violência, uma grosseria. Aquele que ama é livre de fazer tudo o que o amor lhe dita. “Ama e faze o que quiseres”, dizia Santo Agostinho. “Dilige, et quod vis fac”.
Padre Marcos Bach

Nenhum comentário:

Postar um comentário