quarta-feira, 17 de abril de 2013


RENOVAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ

A fé cristã só terá chances de sobrevivência se for capaz de incorporar em si a imensa variedade de formas culturais que caracterizam a vida do homem sobre a face da terra. O pluralismo não é apenas o resultado da falta de unidade. É também uma riqueza da qual a fé em Cristo, tal como a pregam os integristas, ainda não soube tirar proveito. Unidade e uniformidade não são a mesma coisa. A uniformidade não favorece a unidade. Pelo contrário, a empobrece. Pobre seria a planta se não fosse capaz de empregar a seiva de que dispõe para produzir com ela partes tão diferentes como as raízes, o tronco, a casca, os ramos, as folhas, as flores e os frutos. Só pode ser pobre, e muito, uma Igreja que não é capaz de fazer a mesma coisa. A maneira como as Igrejas cristãs tratam a “Verdade Revelada” por Deus e o tipo de responsabilidade que o Magistério Eclesiástico manifesta em relação a ela, é que é discutível.

A Verdade Suprema, fonte de todas as verdades da fé, é Cristo. A essência da fé cristã é determinada pelo grau de intimidade entre o discípulo de Cristo e seu Mestre Divino. Crer, na acepção cristã do termo, significa deixar de pertencer-se a si mesmo e passar a pertencer a um outro. No ato de fé cristão acontece uma fusão de vontades e de corações. Crer é, por isso, muito mais do que conformar-se com o que a Igreja Docente ensina.

Já que a Verdade Fontal é Cristo, não se pode tratá-la como um banqueiro trata o dinheiro. Mas é precisamente isto que está sendo feito. A fé cristã foi transformada numa coleção de “artigos”. É isto que a camada mais lúcida e consciente do Povo de Deus não aceita mais. Cansaram-se de papas e bispos que não conseguem sair do lugar. Já o Papa João XXIII era de opinião que um dos mais sérios obstáculos à união das Igrejas era a figura do papa.

Como pode um homem solitário, revestido de poder absoluto, arcar sozinho com a responsabilidade última de um organismo tão complexo e inserido num mundo igualmente complexo como o nosso? É, no entanto, este um dos desafios mais urgentes com que a Igreja se defronta no momento. Desta situação resulta a atual crise de autoridade dentro da Igreja. “O papa tem poder demais!”, dizem muitos bispos.

Texto do livro “A IGREJA QUE EU AMO” de Pe. Marcos Bach – Edição própria.

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