quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A FÉ DO CRISTÃO ADULTO

A atual crise de fé não questiona nenhum conteúdo essencial da Mensagem de Cristo. Muito pelo contrário, ressalta-os e lhes dá uma importância que os pregadores oficiais das Igrejas constituídas não lhes concedem. Basta como prova desta afirmação o modo como todas elas tratam a liberdade de consciência de seus adeptos!

Um cristão adulto e identificado com os propósitos indispensáveis à plena realização da sua fé em Cristo possui todos os requisitos indispensáveis à plena realização da sua fé cristã. Não é um “minus habens”, necessitado de tutores. Tem todo o direito de pensar, agir e decidir por si. Pode contar com a mesma assistência do Espírito Santo com que contam os membros do Magistério Eclesiástico. Os seus dons o Espírito Santo os distribui como ele quer! É assunto com o qual os representantes da autoridade eclesiástica nada têm a ver. Falta, via de regra, aos nossos cristãos católicos, falsamente definidos como “leigos” e tratados como “ovelhas”, a necessária coragem moral para se oporem abertamente à humilhante condição a que foram reduzidos sem a sua participação. Ou será que a situação de inferioridade em que se encontram não é fruto da sua própria omissão, covardia e preguiça?

Não estou aí para defender o leigo contra a prepotência do clero. Seria injusto atribuir ao clero a culpa por tudo o que de errado e pernicioso aconteceu na Igreja católica.

Queres adotar uma atitude de fé em Cristo mais afinada com as necessidades do nosso tempo e com as oportunidades maravilhosas que ele nos está oferecendo?  Queres viver a tua fé de maneira mais honesta? Queres vivê-la de maneira mais criativa? Queres fazer dela um instrumento de surpresas? Queres ser dono da tua fé e não caudatário de mestres e gurus? Queres que tua fé em Cristo te liberte e faça de ti uma pessoa cada vez mais livre e dona de própria vontade? Queres que tua fé seja para ti uma fonte permanente e inesgotável de vitalidade, de alegria e de amor à vida? Queres que tua fé te ajude a amar todas as criaturas que te cercam e te amam, cada uma a seu modo, desde a minhoca que fertiliza o teu jardim até o gato que se vem deitar a teus pés, porque confia em ti? Queres viver num mundo impregnado de paz e de amor, de simpatia e de solidariedade? Então faça alguma coisa para que tudo isto venha a se tornar realidade, se não logo, ao menos num futuro próximo. Não é por você que faço o pedido. Estou pensando na geração de jovens ansiosos por viver a vida de forma mais plena, mais rica e livre! Se voltam as costas às sacristias de nossas igrejas é porque a sacristia se tornou para eles símbolo de tudo aquilo que rejeitam.

Quem tem amor à vida, ama o movimento, o intercâmbio e a novidade. A vida só se realiza onde acontecem a reprodução e a mutação. É exatamente isto que estou propondo ao benévolo e paciente leitor deste escrito: “Não renegue o passado”! Não abandone a tradição, mas aprenda a fazer dela ponto de partida e não termo de chegada! O futuro da Igreja depende da capacidade do povo cristão de transfigurar um tipo mais infantil de fé em outro, mais adulto. Toda vez que um católico transfere a solução dos seus problemas de fé ou de moral a outros, está traindo a si próprio. Até certo ponto é lícito afirmar que cada cristão é seu próprio papa.

In: “A Igreja que eu Amo” – de Pe. José Marcos Bach, sj – Edição própria.

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