quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A CORAGEM DO ATO DE FÉ EM JESUS CRISTO

A coragem que nasce da fé em Cristo é serena, tranquila. Não brota de alguma forma de desprezo pela vida ou pelos perseguidores. Sua superioridade está em que ela não se impõe nem pela força, nem pela propaganda. A coragem cristã é coragem pura e se impõe por si mesma. É ideologicamente pura!
           
Toda coragem tem o seu preço. No caso da coragem cristã o preço é ambíguo. Envolve tanto a vergonha da derrota quanto a glória do triunfo.
           
Há derrotas que são prenúncios de triunfo. E há triunfos que só servem para mascarar derrotas inevitáveis. É próprio de toda a ideologia triunfalista esquecer uma lição fundamental da história: é de derrotas que nasceram até hoje as mais belas vitórias.
           
A derrota tem o condão de despertar energias ocultas e adormecidas. Vitórias fáceis costumam enfraquecer a vontade de um povo mais que derrotas fragorosas. Jesus não desceu do céu para nos ensinar como colher vitórias e como triunfar sobre eventuais inimigos.

Os romanos tinham um conceito de triunfo radicalmente oposto ao de Cristo. O general, a quem o Senado Romano concedia a honra do triunfo, era precedido pelas legiões que comandava e seguido por uma multidão de prisioneiros de guerra feitos escravos.

O que impressionou a plebe romana foi a atitude dos mártires, a sua serenidade tranquila. Parecia que os triunfadores eram eles, e não o Imperador de plantão.
           
Estamos falando da coragem cristã, e não das outras muitas formas e manifestações de falsa coragem. A coragem é um atributo que o homem condivide com o animal. Estamos cansados de ouvir falar da “coragem” com que a leoa defende seus filhotes. O que uma leoa ou ursa faz em defesa de suas crias nada tem a ver com o que devemos entender por coragem cristã.

O cristianismo entrou na história com todas as características de um Movimento Revolucionário. Cristo não veio dar “colher de chá” nem aos filósofos gregos, nem aos estrategistas da política imperial romana. A novidade e originalidade da visão social de Cristo é tão grande que até hoje ninguém se atreveu a levá-la até suas últimas consequências. Afora Jesus, ainda não surgiu nenhum outro “Messias” e Salvador da humanidade a confiar o futuro humano ao pensamento livre de homens livres com a mesma desenvoltura e liberdade com que Jesus o fez.

O Reino de Deus, tal como Jesus o preconiza, ou será obra de homens e mulheres livres, ou acabará se perdendo em espaços sociais em que é proibido ter ou tomar partido.

A Igreja de Cristo é um espaço social em que é permitido a cada um tomar partido. Há muitas maneiras de viver a fé em Jesus Cristo. O objetivo último e o centro aglutinador é sempre o mesmo: é a Pessoa de Jesus.
           
Decisivo não é o que se ensina, mas o modo como se realiza o ato de fé, que é um ato de comunhão de Cristo com os seus discípulos.

Padre Marcos Bach

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