quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

RESPEITO AOS QUE SE ADIANTAM NA HISTÓRIA

Um guia turístico só é útil se possuir conhecimento exaustivo da região aonde quer levar seus turistas.
           
Pontos de atração turística são lugares especiais. Neles a natureza e a história se unem para formar uma combinação estranha de beleza com tristeza e saudade. Quem perambula pelas ruelas de Pompeia, para citar um exemplo, sente-se transportado para outro mundo, onde o espaço-tempo não é o de hoje. Tristeza e saudade, nada mais do que isto, experimenta quem visita Pompeia e Herculanum. A região em torno do Vesúvio é linda, mas ainda não faz parte do mundo moderno. Lá tudo fala mais do passado que do presente. Há momentos da história que ainda não chegaram até lá onde nos encontramos hoje. O mesmo sentimento de tristeza se apodera de quem visita Atenas ou Assis.

O que falta a estes lugares e os torna atraentes é a ausência de qualquer referencial ao momento histórico presente. Servem otimamente aos que querem fugir do presente e retornar a épocas passadas. Seus recintos são povoados por símbolos que já não fazem mais parte da consciência do homem moderno. Assis é um lugar triste. Nela tudo respira saudade. Saudade de um homem que setecentos anos atrás já via a sua Igreja com os mesmos olhos com que hoje vemos a Igreja. O sonho de Francisco não chegou a se realizar. Mesmo assim sua figura é mundialmente conhecida.
        
Os homens que mais influíram nos destinos da humanidade podem ser classificados muito bem como “fracassados”. Jesus, e antes dele, Moisés; Francisco de Assis, Teilhard de Chardin e tantos outros, nunca chegaram a experimentar as delícias de uma apoteose.
           
Jesus foi enterrado às pressas e às escondidas. Tomás de Aquino só foi reconhecido oitenta anos depois da sua morte. Johan Sebastian Bach precisou de tempo igual para ser reconhecido como gênio musical.
           
Está com a razão quem parte da convicção de que a “parte do leão” no processo histórico cabe a pessoas que tiveram a ousadia de se adiantar tanto aos demais quanto a seu tempo. Ir depressa e mais longe que a maioria, sempre foi a maneira mais certa de arrumar encrencas. Francisco de Assis e Teilhard de Chardin que o digam. Francisco vive no coração de todos os amantes da natureza. Teilhard vive no pensamento dos que lhe admiram a ousadia com que derrubou a muralha que até então separava a Fé da Ciência, e vice-versa.
           

Teilhard nunca fez questão de ser mais cristão do que cientista. Repartia seu amor e sua adoração por igual entre o Criador e suas criaturas. Fez questão de não manter separado o que a seus olhos só podia ser entendido como unidade. Para ele as diferenças só são “reais” no plano teórico formal. No plano real concreto valia o axioma do Tomás de Aquino: “Omne ens est unum”.
Padre Marcos Bach

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