quinta-feira, 15 de maio de 2014

O CAMPO DE AFINIDADE QUE SÓ O AMOR É CAPAZ DE CRIAR          

O amor tem a propriedade de criar entre os que se amam um campo de afinidade que só o amor é capaz de criar! É no terreno do pensamento que esta afinidade se manifesta de preferência. Empregamos o termo telepatia para definir esta capacidade de ler o pensamento do outro.
           
“Igual atrai igual”, reza um princípio fundamental da física. Se admitirmos que o pensamento produz um campo morfogenético (como o chama o biólogo inglês Sheldracke) o qual se desprende da mente de quem o produziu e adquire vida própria, podemos aceitar como válida a tese de que pensamentos iguais se atraem sem precisarem de intermediação pelo simples fato de serem iguais.
           
A faculdade da visão é fundamental. O lince deve a sua sobrevivência biológica à sua excepcional capacidade de visão. “Olhos de lince” é a expressão que um europeu usa para definir boa capacidade de visão! A coruja ainda existe porque aprendeu a enxergar no escuro.
           
A visão nos coloca em contato com a realidade do mundo exterior. Este contato não é, no entanto, tão objetivo como costumamos supor. Não vemos o mundo como ele é. Não vemos a realidade última. O átomo não é a unidade básica, o tijolo com que o Criador edificou o universo material.
           
O universo que os cientistas nos estão manifestando possui caráter essencialmente metafórico. Quando achamos que tínhamos descoberto a verdadeira natureza do átomo ao defini-lo como tijolo, fomos surpreendidos por um riso moleque: era o átomo que se divertia às nossas custas!
           
Nada contribuiu tanto para abalar o orgulho típico do cientista da época de Augusto Comte e do seu Positivismo do que a constatação feita por Einstein de que o “universo é um mistério”. E que no campo do conhecimento não é à ciência que cabe pronunciar a última palavra.
           
O que mais encanta numa pessoa que amamos não é o que ela é, mas o que ela ainda não é. Amamos o amigo porque sabemos que ele pode vir a ser o que não é. Amamo-lo porque sabemos que ele também quer o que queremos. Nosso amor nos faz ver nele como já presente o que qualquer outro observador seria incapaz de perceber.
           
Um observador inexperiente não vê a parreirinha recém plantada com os mesmos olhos com que a contempla o vinhateiro experimentado. O vinhateiro fecha os olhos e se adianta ao tempo. E o que então vê é uma bela parreira carregada de saborosos cachos maduros! É assim que dois amigos se olham. E é assim que Deus contempla a humanidade e a obra toda de sua criação! É por isso que a crença num inferno eterno começa a despertar mais repulsa do que aceitação. Quem aprendeu a amar como Deus ama, não sabe o que fazer com a crença num estado definitivo de triunfo do mal sobre o bem.
           
Enquanto existir no universo um lugar impenetrável à ação do Amor misericordioso de Deus, não nos é permitido colocar na boca de Deus a palavra do Gênesis: “E Deus viu que tudo o que tinha feito era bom” (Gn 1,31).

Padre Marcos Bach

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