terça-feira, 16 de setembro de 2014

A ANTEVISÃO DO FUTURO DA HUMANIDADE

 Ao assumir na Pessoa Divina de Jesus a condição humana, Deus em pessoa tomou a si a tarefa de fazer dos filhos dos homens filhos de Deus. É nesta condição de herdeiros divinos que os filhos dos homens irão repartir daqui para frente a missão de transformar a humanidade em raça eleita, convidada a compartilhar com o Criador a nobre tarefa de impulsionar o universo todo em direção a um novo e mais elevado plano evolutivo.
           
Não se pode pensar como Deus pensa sem ter a ousadia de pensar grande. Quem não tem a coragem de apostar de preferência no impossível e no improvável não entendeu Jesus.
           
O futuro da humanidade não é um capítulo pronto e já filmado, à espera de ser posto no ar. Dele só temos conhecimento de algumas cenas iniciais sem ter a menor ideia de como tudo vai continuar e menos ainda de como toda esta “Comédia Divina” vai acabar. Dante não tirou seus condenados do inferno, mas é evidente que eles não poderão ficar lá para todo o sempre. A história da humanidade só termina quando o último passageiro humano tiver embarcado de volta ao reencontro com seu Criador. O inferno não é eterno, eterno é o céu.
           
Também os demônios do inferno podem salvar-se e fugir à condenação desde que o queiram. Deus tem paciência e sabe esperar. Também Lúcifer tem toda uma eternidade à disposição para trocar o seu grito de guerra por uma declaração de amor.

Cientistas há que chegaram à conclusão de que a antevisão do futuro da humanidade é assunto que foge da sua competência. O que um cientista observa não é o essencial. A descrição que um sociólogo faz da sociedade não difere essencialmente da que um médico faz ao descrever um cadáver. Quem sabe: esta tarefa, a de antever o futuro da humanidade e o perfil do Homo pós-sapiens cabe a filósofos, isto é, a pensadores que usam a razão como instrumento de observação e de interpretação da realidade?
           
O culto da razão da época do Iluminismo terminou melancolicamente ao permitir coisas como a guilhotina, os gulags soviéticos e os campos de extermínio nazistas. Não há governo que não procure justificar sua política apelando para razões de Estado. Não sei se existe outra faculdade humana que se tenha prestado a abusos mais que a “deusa razão”. Não faço parte do time dos que depositam muita fé nas luzes da razão.
           
Por racional entendo todo conhecimento lógico obtido por meio do raciocínio. O caráter linear do raciocínio lógico impede o pensador lógico de compreender a estrutura do universo tal como no-la revelam as ciências da atualidade, além de não esgotar as potencialidades todas da mente humana.
           
A razão é apenas um departamento da mente humana. E o conhecimento lógico é apenas o mais modesto dos instrumentos que capacitam o homem a tomar consciência de si e do universo em que vive.
           
David Bohm dá ao patamar mais sutil e elevado da mente humana o nome de Insigth, o que significa intuição. Intuir quer dizer dispensar raciocínios e cálculos e penetrar diretamente no âmago da realidade. Intuir significa “ver” e o conhecimento intuitivo é essencialmente visionário.
           
O visionário no caso não é alguém que faz do pensamento um termo de chegada. Seu modo de pensar não é conclusivo. É antes provocativo e estimulante. Não pretende chegar a conclusões. Nem é seu propósito compor uma lista de verdades definitivamente estabelecidas.
           
No período final da sua vida Einstein se tornou mais visionário do que se podia esperar do criador da Teoria da Relatividade. “O universo é um mistério”, dizia ele, “e nossa missão essencial não consiste em explicá-lo, mas em admirá-lo”.

Padre Marcos Bach

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