quinta-feira, 18 de setembro de 2014

EVOLUÇÃO E ESTAGNAÇÃO

Se os cientistas que estudam a origem do homem não andam equivocados, o homem deve sua origem biológica a uma célula microscópica! E a vida desta célula surgiu quando ela começou a se dividir em duas e quando deu início a um processo biofisiológico que chamam autopoiese.

O que distingue uma célula viva de uma molécula sem vida é um detalhe aparentemente sem grande importância: a célula viva cuida de si, administrando as potencialidades desta nova forma de ser. Ela se multiplica e ao mesmo tempo se diversifica. Foi o jesuíta Teilhard de Chardin que chegou à conclusão de que a união só é verdadeira quando diversifica. A uniformidade que consiste na reprodução do mesmo é a âncora que segura o navio, mas não o põe em movimento. Onde nada de novo acontece, a evolução cedeu lugar à estagnação.

Autores há que definem a mulher como pólo repousante da sociedade humana. São elas, as mulheres, que asseguram a continuidade não só da espécie humana, mas também de tudo o que no passado a humanidade já realizou no plano sociocultural.  Tomam como prova de suas teses o fato do óvulo feminino ser tão passivo em comparação com a agressividade e poder de penetração do espermatozoide masculino. É função do óvulo esperar que alguém venha procurá-lo. O comportamento de um espermatozoide o leva a viajar muito e a sair constantemente do lugar. A consequência psicoantropológica desta concepção é a tese de que o feminino é o pólo respousante de um corpo social, ficando o papel ativo e verdadeiramente criativo por conta do representante masculino. Esta diferença é usada para justificar a superioridade do masculino sobre o feminino.

Por detrás de toda esta concepção discriminatória encontra-se bem aninhado um erro de categoria que confunde sexo com sexualidade. A Palavra de Cristo que afirma que “no céu não se casa mais, nem mulher alguma será dada em casamento, mas que homens e mulheres serão com os anjos do céu” (Mt 22,30), deu azo a muita confusão.

Monges e freiras espalharam a falsa crença de que o corpo ressuscitado não possui mais órgãos sexuais, já que a reprodução da espécie deixou de fazer parte da atividade sexual humana. Anjos não procriam. Certamente faria um grande benefício a homens e mulheres livrando-os da necessidade de procriar.

Ser mãe não contribui em si para elevar uma mulher a um patamar evolutivo mais elevado e mais nobre. Ter filhos e cuidar deles não é a mesma coisa que ser mãe. É preciso não perder de vista que a parcela feminina do gênero humano constitui quase uma espécie à parte e que as diferenças que a caracterizam são definitivas. Pois são estas diferenças, incluídas as de natureza anatômica, que dão sabor e encanto ao convívio de homens e mulheres. Só um grande amor é capaz de dar uma resposta adequada ao desejo sexual de ambos! O patamar evolutivo que o gênero humano atingiu até agora é demasiadamente rudimentar para que se possa construir sobre ele uma antevisão escatológica do futuro sexual da humanidade. O que em cada um de nós ainda não teve tempo de brotar é muito mais importante, sob o aspecto evolutivo, que tudo aquilo que nossos cientistas e teólogos conseguiram nos oferecer até hoje. Chegou a hora de prestar atenção a outras vozes, mais familiarizadas com o que em cada ser humano ainda está por nascer!

Padre Marcos Bach

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